Corporificando a diferença – Performando a experiência: sobre performance e deficiência

Resumo

Este artigo deriva da experiência do autor como performer, curador e também ator, dramaturgo e operador de drama aplicado e teatro social. É baseado em sua pesquisa “Metodologias de ação inclusiva nas artes cênicas para praticantes de artes cênicas com habilidades diversificadas”, apoiada pelo Fonds Darstellende Künste [Fundo de Artes Cênicas] com fundos do Comissariado do Governo Federal para Cultura e Media (DE) [Federal Government Commissioner for Culture and the Media (DE)]. Segundo o autor, a deficiência não é um signo de falha, mas antes um meio para encorajar as pessoas a reduzirem distâncias entre si, a viverem solidariamente, e quebrar lugares-comuns. Considerando a autenticidade como uma qualidade fundamental da atuação, ele discute a urgência genuína dos performers com deficiência na imersão do imediatismo da ação, já que sua vulnerabilidade no palco não é filtrada. Nesse aspecto, ele vê o estigma como uma fonte de criatividade e um sinal qualificador capaz de erradicar preconceitos. Em Grotowski, as práticas performativas não se resumem apenas a uma questão de habilidade ou coleção de proficiências e sim, a uma erradicação de bloqueios para adesão do verdadeiro eu. O corpo do performer é a matéria prima para produção de significados que se transformam em imagens vivas e se tornam realidade. Isso independe da condição física do artista. O artigo oferece exemplos de performers afetados por diferentes formas de deficiência, como Felipe Monteiro, Nicola Fornoni e Enok Ripley, que relatam sua condição clínica específica. Uma referência particular foi feita à ópera performática coletiva Under Scars (Sob Cicatrizes) concebida e organizada pelo autor, sua parceira, a artista alemã Verena Stenke e seus colaboradores para estrear em Veneza, em dezembro de 2023.