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A greve geral de 1917 e as mortes pela ação repressiva
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Palavras-chave

Movimento operário
Cemitério
Antropologia forense
Investigação preliminar

Como Citar

TAUHYL, Ana Paula Moreli; HATTORI, Marcia Lika. A greve geral de 1917 e as mortes pela ação repressiva : uma abordagem da antropologia forense na investigação nos cemitérios . Revista Arqueologia Pública, Campinas, SP, v. 14, n. 1, p. 4–29, 2020. DOI: 10.20396/rap.v14i1.8658966. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rap/article/view/8658966. Acesso em: 25 abr. 2024.

Resumo

Em 1917, cerca de 50.000 pessoas em São Paulo - cuja população contava com 400.000 habitantes - aderiram a uma greve geral por melhores condições de trabalho. A histórica greve sob forte influência de diferentes movimentos, entre eles o anarquista, foi uma das maiores expressões de mobilização operária na cidade. A reação do Estado envolveu toda a força policial com o uso da cavalaria e resultou na morte de grevistas e na perseguição a militantes que posteriormente sofreram processos de expulsão e as mais variadas formas de repressão. De acordo com relatos da época, dezenas de pessoas teriam falecido nos confrontos, sendo sepultadas no Cemitério do Araçá (DEL ROIO, 2017), apesar do registro oficial de apenas três delas. A partir de uma demanda de grupos de direitos humanos[1] e do interesse de pesquisadoras vinculados ao grupo, foi desenvolvida uma pesquisa com o objetivo de elucidar, a partir dos registros de sepultamento do cemitério paulistano, o desaparecimento e a morte de militantes ligados à greve. O trabalho possibilitou estabelecer um panorama sobre o envio de corpos ao cemitério pelos institutos responsáveis pelo processo de identificação relacionados a uma cadeia de saberes técnicos que estruturará em certa medida, até o presente, a necropsia e o destino de cadáveres na cidade de São Paulo.

https://doi.org/10.20396/rap.v14i1.8658966
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