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O papel do campesinato na salvaguarda de patrimônios culturais imateriais associados à alimentação
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Palavras-chave

Alimentação
Agrobiodiversidade
Patrimônio imaterial
Sistemas agroalimentares locais
Políticas públicas

Como Citar

ANTUNES JUNIOR, Wolney Felippe. O papel do campesinato na salvaguarda de patrimônios culturais imateriais associados à alimentação. Revista Arqueologia Pública, Campinas, SP, v. 17, n. 00, p. e022019, 2022. DOI: 10.20396/rap.v17i00.8668090. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rap/article/view/8668090. Acesso em: 26 abr. 2024.

Resumo

Em um contexto de uniformização dos hábitos alimentares e sob um sistema agroalimentar hegemônico, a reprodução social camponesa e a patrimonialização de práticas e saberes locais associados à alimentação são formas de resistência. Neste ensaio, nosso objetivo é discutir o papel das comunidades camponesas na salvaguarda de patrimônios culturais imateriais alimentares. Para tal, discutimos o referencial teórico de campesinato, apontando para a sua heterogeneidade no Brasil e destacando a perspectiva da resistência; apresentamos o emergente debate acerca dos patrimônios culturais imateriais associados à alimentação; e propomos um diálogo entre as discussões sobre campesinato e patrimônios alimentares. Ao analisar o campesinato sob a perspectiva da resistência (a histórica, do cotidiano, da permanência no campo e da reprodução social e cultural de seus modos de vida), argumentamos que os diferentes patrimônios culturais imateriais são componentes do seu cotidiano e nele se reproduzem.

https://doi.org/10.20396/rap.v17i00.8668090
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