Resumo
O processo de "invenção da América", como foi denominado pelo historiador mexicano Edmundo O’ Gorman em seu célebre livro de 1958, tem seu início no século XV com a chegada de Cristovão Colombo à América. O discurso construído através dos relatos, cartas e crônicas da Conquista criam as imagens que serão determinantes para o nascimento – a condenação – da América como "Novo Mundo" (Octavio Paz). Este processo deixa profundas marcas no imaginário coletivo e na memória histórica do continente e alcança os séculos XX e XXI. A poesia, neste contexto, configura-se como um importante território onde é possível que tais metáforas e imagens negociem sua vigência e permanência através de continuidades e rupturas que alcançam, inclusive, o âmbito sócio-político. As artes ganham, portanto, um papel fundamental na representação, ruptura e/ou manutenção da memória histórica do continente. Um exemplo emblemático é o poema do cubano Eliseo Diego - "Cristóbal Colón inventa el nuevo mundo" -, em cujo texto veremos surgir uma escritura que processa a criação e a recriação verbal do continente, como indica o seu próprio título.
Referências
AGAMBEN, Giorgio. O que é o Contemporâneo? E outros ensaios. Trad. Vinícius Nicastro Honesko. Chapecó: Argos, 2009.
AINSA, Fernando. Del Topos al Logos. Propuestas de Geopoética. Madrid: Iberoamericana, 2006.
CARPENTIER, Alejo. Visión de América. Buenos Aires: Losada, 1999.
COBO BORDA, Juan Gustavo. América Ladina. Germán Arciniegas. México: FCE, 1993.
DIEGO, Eliseo. Entre la dicha y la tiniebla. Antología poética 1949-1985. México: FCE, 1986.
FUENTES, Carlos. Tiempos y espacios. Madrid: FCE, 1998.
GALEANO, Eduardo. A descoberta da América (que ainda não houve). Trad. Eric Nepomuceno. Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 1990.
GARCÍA CANCLINI, Néstor. Culturas Híbridas. Trad. Heloísa P. Cintrão e Ana Regina Lessa. SP: EDUSP, 2000.
GRUZINSKI, Serge. La guerra de las imágenes. México: FCE, 1994.
HOPENHAYN, Martín. Ni apocalípticos ni integrados. Aventuras de la Modernidad en América Latina. Santiago de Chile: FCE, 1995.
LIZCANO, Emmánuel. Metáforas que nos piensan. Sobre ciencia, democracia y otras poderosas ficciones. Ediciones Bajo Cero/Traficantes de Sueños, 2006.
O’ GORMAN, Edmundo. A Invenção da América. Trad. de Ana Maria M. Correa e Manoel Lelo Bellotto. SP: UNESP, 1992.
ORTEGA Y GASSET, José. Obras. Madrid: Espasa Calpe, 1932.
ORTEGA Y GASSET, José. Obras completas. Madrid, Revista de Occidente, 1952.
PAZ, Octavio. El arco y la lira. México: FCE, 1998.
PAZ, Octavio. Puertas al Campo. Barcelona: Seix Barral, 1989.
RESTALL, Matthew. Sete Mitos da Conquista Espanhola. Tradução: Cristiana de Assis Serra. RJ: Civilização Brasileira, 2006.
SUBIRATS, Eduardo. El Continente vacío. La conquista del Nuevo Mundo y la conciencia moderna. Madrid: Anaya & Mario Muchnik, 1994.
USLAR PIETRI, Arturo. La invención de América Mestiza. México: FCE, 1996.
O periódico Remate de Males utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.