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Reflexões em torno da confabulação e da fabricação da memória: Continuidade ou ruptura entre real e imaginário
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Palavras-chave

Memória. Confabulação. Pathos.

Como Citar

MORATO, Edwiges Maria. Reflexões em torno da confabulação e da fabricação da memória: Continuidade ou ruptura entre real e imaginário. Remate de Males, Campinas, SP, v. 32, n. 2, p. 195–210, 2012. DOI: 10.20396/remate.v32i2.8635882. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/remate/article/view/8635882. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

De fato, o termo confabulação tem se prestado a muitos entendimentos, seja no contexto das práticas linguísticas cotidianas, seja no da pesquisa clínica. Neste, a confabulação tem sido associada às síndromes mnésicas e demenciais, subsidiando a partir da segunda metade do século XX estudos sobre memória autobiográfica, falsificação de memória e julgamento da realidade.

Nesse contexto, a memória humana – falível, inconsistente, imperfeita – envolve de forma constitutiva um pathos por excelência: o esquecimento e seus  tantos derivados e formas de expressão, como as fabricações de memórias, próprias e alheias.

Para o desenvolvimento da reflexão sobre a memória a partir das relações entre ficção e realidade, pretendemos focalizar o que no terreno dos estudos neuropsicológicos/neuropatológicos se convencionou chamar de confabulação – a fabricação ou invenção defalsas memórias sem intenção de iludir - tomada ora como uma espécie de “mentira honesta” (posto que sua produção seria involuntária ou inconsciente em indivíduos com alterações neurológicas ou psíquicas), ora como reação humana às injunções ético-discursivas decorrentes da falibilidade constitutiva da memória, ora como resultado da possibilidade dereformatação (artificial) de lembranças e esquecimentos.

https://doi.org/10.20396/remate.v32i2.8635882
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