Resumo
Com base nas condições de produção literária oferecidas pela revista A Estação (1879-1904), este trabalho propõe uma análise do conto “Um para o outro” (1879), o qual permaneceu parcialmente perdido durante os cem anos decorridos da morte de Machado de Assis. Situado no ponto de convergência das polêmicas fases de produção, o interesse de examinar esse conto, recentemente recuperado, está na possibilidade de redefinir os conceitos críticos estabelecidos em torno dessa dicotomia. Investindo numa perspectiva dialética que considere a interação entre aperfeiçoamento e permanência, pretende-se demonstrar que, no período de criação das inusitadas Memórias póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis continuaria a incorporar em sua ficção os influxos das demandas imediatas de cada meio de divulgação literária a que estava vinculado.Referências
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