Resumo
Valéry recorria com frequência a imagens orgânicas para representar processos históricos, culturais e intelectuais. No entanto, seu organicismo diferencia-se do de Bergson em aspectos essenciais. “Parece-me que Bergson obstina-se a fazer fluido a que me obstino a solidificar”, costumava afirmar. O presente ensaio toma essas observações como ponto de partida para explorar em detalhe as características do organicismo de Valéry. Tal organicismo enquadra-se em um pensamento que assume o desdobramento das analogias no discurso crítico como um princípio epistemológico fundamental: a analogia permite que o invisível possa ser captado através do visível, e possui a vantagem de que evita tanto a desintegração analítica dos fenômenos, quanto sua intuição imediata, vaga e geral. As analogias orgânicas em Valéry não se limitam à imagem tradicional da planta, mas também compreendem o animal e vão até o monstro (um ser orgânico impossível). A articulação de todas as analogias permite, assim, captar as dimensões secretas do espírito criador, bem como distinguir as obras humanas das naturais.Referências
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