Resumo
Falar de Bachelard é antes de tudo referir-se ao filósofo dual, epistemólogo por um lado e pensador do poético, por outro. Entretanto, buscar a coerência filosófica de Bachelard é tropeçar numa dificuldade portentosa: a da irredutibilidade recíproca do homem racional e do homem irracional na raiz do caráter inclassificável de Bachelard, quer como dualista à francesa, quer, inversamente, como monista especulativo alemão. Este artigo propõe que seja analisado este problema de irredutibilidade sob outro ângulo que não o da articulação necessária das atividades espirituais. É pelo prisma da natureza exigente e complexa de certa tese original sobre a própria imaginação poética que, para além da crítica da pretensão universalista no ato de conhecer, descortina-se outra crítica, subjacente: a das pretensões estéticas à verdade do ser. Neste campo propriamente estético da impossibilidade da verdade ontológica desvela-se a verdade poética da leitura de literatura no pensamento de Bachelard.Referências
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