Banner Portal
O chão sublime da prosa: crítica e ensaísmo em William Hazlitt
PDF

Palavras-chave

William Hazlitt. Ensaio e crítica. Romantismo britânico.

Como Citar

MONTEIRO, Daniel Lago. O chão sublime da prosa: crítica e ensaísmo em William Hazlitt. Remate de Males, Campinas, SP, v. 37, n. 2, p. 763–784, 2018. DOI: 10.20396/remate.v37i2.8648694. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/remate/article/view/8648694. Acesso em: 17 jul. 2024.

Resumo

Após quase três décadas de uma prolífica carreira de ensaísta, William Hazlitt (1778-1830), tido por muitos como o grande mestre do ensaísmo britânico, condensou boa parte de suas reflexões sobre o gênero em “On the Prose-Style of Poets”, texto de abertura de The Plain Speaker (1826), a última importante coletânea de ensaios por ele reunidos. Neste artigo, falaremos sobre um conjunto de imagens ali mobilizadas pelo escritor que vinculam a prosa ensaística à textura do solo e aos acidentes topográficos, sintetizados na metáfora – recorrente do autor – “o chão da prosa” [the ground of prose], e sobre os novos sentidos que o termo sublime adquiriu tanto em seus escritos quanto nos daqueles autores que o antecederam, mais notadamente, de Edmund Burke. Sem descolar do chão, uma boa prosa ensaística é comparável ao terreno irregular e acidentado das paisagens sublimes, e o ensaísta, àquele que percorrer esse terreno, que ascende às alturas ou desce às profundezas. A partir da noção hazlittiana de que os conceitos, quando não entalhados nas imagens, jamais podem definir a tarefa do crítico e ensaísta, o nosso ponto de partida é o argumento de que há uma analogia entre a escrita de ensaios e as dificuldades sublimes que se interpõem entre o escultor e a confecção de sua obra.
https://doi.org/10.20396/remate.v37i2.8648694
PDF

Referências

ABRAMS, M. H. O espelho e a lâmpada: teoria romântica e tradição crítica. Trad. Alzira Vieira Allegro. São Paulo: Editora Unesp, 2010.

ADDISON, Joseph. Ensaio n. 40. V. 1. In: ADDISON, Joseph et al. The Spectator. 4 V. London: Everyman’s Library, 1966a, pp. 120-123.

ADDISON, Joseph. Ensaio n. 285. V. 2. In: ADDISON, Joseph et al. The Spectator. 4 V. London: Everyman’s Library, 1966b, pp. 348-353.

ADDISON, Joseph et al. The Spectator. 4 V. London: Everyman’s Library, 1966.

ADDISON, Joseph; STELLE, Richard. Selection from the Tatler and the Spectator. London: Penguin Books, 1982.

ADORNO, Theodor. Notas de literatura I. Trad. Jorge de Almeida. São Paulo: Duas Cidades / Editora 34, 2008.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco e poética. Trad. Eudouro de Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1987.

ARRIGUCCI JR., Davi. Coração partido: uma análise da poesia reflexiva de Drummond. São Paulo: Cosac e Naify, 2002.

AUERBACH, Erich. Ensaios de literatura ocidental: filologia e crítica. Trad. Samuel Titan Jr. São Paulo: Duas Cidades / Editora 34, 2007.

BAUDELAIRE, Charles. As flores do mal. Trad. Ivan Junqueira. São Paulo: Editora Nova Fronteira, 2012.

BLOOM, Harold. William Hazlitt. In: Essayists and Prophets. Philadelphia: Chelsea House Publishers, 2005, pp. 69-81.

BORGES, Jorge Luis. Curso de literatura inglesa. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

BOSWELL, James. Life of Johnson. Oxford: Oxford University Press, 2008.

BOWRA, Cecil Maurice. The Romantic Imagination. Cambridge: Harvard University Press, 1949.

BROMWICH, David. Hazlitt: The Mind of a Critic. New Haven: Yale University Press, 1999.

BURKE, Edmund. Reflections on the Revolution in France. Oxford: Oxford University Press, 1999.

BURKE, Edmund. Uma investigação filosófica sobre a origem de nossas ideias do sublime e do belo. Trad. Enid Abreu. Campinas: Editora Unicamp, 2013.

CANDIDO, Antonio. Tese e síntese. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.

CARPEAUX, Otto Maria. História da literatura ocidental. V. VII, “Romantismo”. Rio de Janeiro: Ed. Cruzeiro, 1966.

COLERIDGE, Samuel Taylor. Passages from the Prose and Table Talk. London: Walter Scott, 19-?.

COLERIDGE, Samuel Taylor. Biographia Literaria or Biographical Sketches of my Literary Life and Opinions. London: Everyman’s Library, 1971.

COLERIDGE, Samuel Taylor. The Collected Works of Samuel Coleridge: Lectures 1808-1819 on Literature I. Princeton: Princeton University Press, 1987a.

COLERIDGE, Samuel Taylor. The Collected Works of Samuel Coleridge: Lectures 1808-1819 on Literature II. Princeton: Princeton University Press, 1987b.

COLERIDGE, Samuel Taylor. A balada do velho marinheiro. Trad. Alípio Correia Franco Neto. São Paulo: Ateliê Editorial, 2005.

ELIOT, T. S. Selected Essays 1917-1932. New York: Harcourt, Brace and Company, 1932.

FOUCAULT, Michel. Le mots et le choses: une archéologie des sciences humaines. Paris: Gallimard, 1966.

FREYRE, Gilberto. Alhos & bugalhos: ensaios sobre temas contraditórios: de Joyce à cachaça; de José Lins do Rego ao cartão-postal. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1978.

GILMARTIN, Kevin. William Hazlitt: Political Essayist. Oxford: Oxford University Press, 2015.

HAZLITT, William. The Selected Writings of William Hazlitt; Volume 2: The Round Table; Lectures on the English Poets. London: Pickering & Chatto, 1998a.

HAZLITT, William. The Selected Writings of William Hazlitt; Volume 5: Lectures on the English Comic Writers; Lectures on the Dramatic Literature of the Age of Elizabeth; A Letter to William Gifford, Esq. London: Pickering & Chatto, 1998b.

HAZLITT, William. The Selected Writings of William Hazlitt; Volume 6: Table Talk. London: Pickering & Chatto, 1998c.

HAZLITT, William. The Selected Writings of William Hazlitt; Volume 8: The Plain Speaker. London: Pickering & Chatto, 1998d.

HAZLITT, William. The Selected Writings of William Hazlitt; Volume 9: Uncollected Essays. London: Pickering & Chatto, 1998e.

HAZLITT, William. The Plain Speaker: The Key Essays. Oxford: Blackwell Publishers, 1998f.

HAZLITT, William. William Hazlitt on the Elgin Marbles. Organizado por Tom Paulin London: Hesperus Press Limited, 2008.

HAZLITT, William. Sobre a poesia em geral. Trad. Roberto Acízelo de Souza. In: SOUZA, Roberto Acízelo de (org.). Uma ideia moderna de literatura: textos seminais para os estudos literários (1688-1922). Chapecó: Argos Editora da Unochapecó, 2011.

HAZLITT, William. Sobre os ensaístas de periódico. Trad. Daniel Lago Monteiro. Serrote, São Paulo, Instituto Moreira Salles, n. 22, 2016, pp. 19-41.

HORÁCIO. A arte poética. Trad. Dante Tringali. São Paulo: Musa Editora, 1994.

HUME, David. A arte de escrever ensaios e outros ensaios (morais, políticos e literários). Trad. Márcio Suzuki e Pedro Pimenta. São Paulo: Iluminuras, 2011.

KEATS, John. Selected Letters of John Keats. Cambridge / Massachusetts: Harvard University Press, 2002.

LONGINO. Do sublime. Trad. Filomena Hirata. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

MEE, Jon. Conversable Worlds: Literature, Contention, & Community 1762-1830. Oxford: Oxford University Press, 2013[2011].

MONK, Samuel. The Sublime: A Study of Critical Theories in XVIII-century England. Ann Arbor: University of Michigan Press, 1960.

MONTAINGE, Michel de. Os ensaios: Livro I. Trad. Rosemary Costhek Abílio. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

NOVALIS, Friedrich von Hardenberg. Pólen: fragmentos, diálogos, monólogo. Trad. Rubens Rodrigues Torres Filho. São Paulo: Iluminuras, 2009.

OZICK, Cynthia. Retrato do ensaio como corpo de mulher. Trad. Alexandre Barbosa de Souza. Serrote, São Paulo, Instituto Moreira Salles, n. 9, 2011, pp. 7-13.

PAES, José Paulo. Armazém literário. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

PAULIN, Tom. The Day-Star of Liberty: William Hazlitt’s Radical Style. London: Faber and Faber, 1998.

PEREIRA, Lucia Miguel. Sobre os ensaístas ingleses. Serrote, São Paulo, Instituto Moreira Salles, n. 22, 2016, pp. 5-17.

QUINCEY, Thomas de. De Quincey as Critic. London / Boston: Routledge & Kegan Paul, 1973.

SAINTE-BEUVE. Oeuvres I. Paris: Gallimard, 1949.

SARTRE, Jean-Paul. Que é a literatura? Trad. Carlos Felipe Moisés. Petrópolis: Vozes, 2013.

SOUZA, Gilda de Melo. A ideia e o figurado. São Paulo: Duas Cidades / Editora 34, 2005.

STAROBINSKI, Jean. É possível definir o ensaio? Trad. André Telles. Serrote, São Paulo, Instituto Moreira Salles, n. 10, 2012, pp. 43-61.

SULLIVAN, John Jeremiah. Essai, essay, ensaio. Trad. Alexandre Barbosa de Souza. Serrote, São Paulo, Instituto Moreira Salles, n. 19, 2015, pp. 131-144.

SUZUKI, Márcio. A forma e o sentimento do mundo: jogo, humor e arte de viver na filosofia do século XVIII. São Paulo: Editora 34, 2014.

WEISKEL, Thomas. O sublime romântico: estudos sobre a estrutura e psicologia da transcendência. Rio de Janeiro: Biblioteca Pierre Menard Imago, 1994.

WELLEK, René. História da crítica moderna II: o Romantismo. São Paulo: Editora Herder, 1967.

WIMSATT, William & BROOKS, Cleanth. Crítica literária: breve história. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1971.

WORDSWORTH, Wordsworth. Lyrical Ballads. London: Methuen, 1963.

WU, Duncan. William Hazlitt: The First Modern Man. Oxford: Oxford University Press, 2008.

Licença Creative Commons
O periódico Remate de Males utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.