Resumo
Desde a sua origem moderna – a instigante aventura de Montaigne –, o ensaio habilita um espaço discursivo de caráter experimental no qual o sujeito se põe em jogo na deriva de uma escrita provisional, assistemática e descontínua, que prescinde do direcionamento do plano prévio e das certezas conclusivas. Essa disposição experimental liberta o ensaio das grades classificatórias dos gêneros literários e dos saberes disciplinares, propiciando a configuração de textualidades de fronteiras permeáveis que corroem as convenções discursivas. Se na atualidade o domínio da literatura perdeu a nitidez de suas demarcações e se expande em direção de outros discursos e linguagens, colocando em questão a sua especificidade e autonomia, consideramos oportuno revisitar a escrita ensaística como prática de exploração liminar que desestabiliza as formas institucionalizadas da literatura. Esse propósito norteou a organização deste dossiê da revista Remate de Males a qual reúne um conjunto de artigos voltados para o estudo do ensaio e as escritas liminares de diversas literaturas (brasileira, hispano-americana, inglesa, alemã, francesa, espanhola, canadense) e épocas (do século XVIII à atualidade). Essa linha de indagação projeta-se, ainda, em alguns dos artigos avulsos, em duas resenhas e em uma entrevista que completam o volume.
Referências
OVÍDIO. Tristezze. Ed. bilíngue. Introdução, tradução e notas de Francesca Lechi. Milão: BUR, 2008.
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