Resumo
No romance Terra sonâmbula (1992), de Mia Couto, o Oceano Índico surge como garantia e metáfora de experiências identitárias agregadoras, que se fazem pelo acolhimento do outro, e não por sua negação. A própria experiência literária surge como produtora de espaços propícios a esse tipo de exercício identitário, já que a terra se torna fluida e movente por meio das palavras de Kindzu, lidas por Muidinga. Neste trabalho, pretendo investigar a configuração dessa espécie de alternativa identitária em Terra sonâmbula, sugerindo que implica a problematização do discurso da modernidade e seus binarismos.Referências
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