Resumo
Este trabalho compara uma pintura (1850) a um romance (1954), ambos denominados A menina morta. O autor da primeira é desconhecido e seu título foi atribuído, já o romance foi escrito por Cornélio Penna, inspirado pelas histórias da própria família e por essa pintura, que retrata sua tia materna falecida na infância. Há uma espécie de interseção entre um e outro, pois, se o romance está marcado pelo retrato, aqueles de nós que sabemos disso não podemos ver/ler este sem aquele. Tais considerações são ainda mais relevantes porque o retrato está presente no romance. Como um fantasma, no sentido utilizado por Didi-Huberman em A pintura encarnada (2012), ele nos toca. E, como um fantasma, o retrato aparece, desaparece e reaparece. Ele se faz ver para se tornar invisível sem deixar de, pela sua ausência, manter-se presente. É justamente tal aspecto fantasmático que nos interessa abordar.
Referências
A MENINA morta. 1850. 1 original de arte, óleo sobre tela, 65 cm x 80 cm. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa. Coleção Cornélio Penna.
DELEUZE, Gilles. Diferença e repetição. Trad. Luiz Orlandi e Roberto Machado. Lisboa: Relógio D’Água, 2000.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Trad. Aurélio Guerra Neto et al. 2. ed. São Paulo: Ed. 34, 2012.
DELUMEAU, Jean. História do medo no Ocidente: 1300-1800. Trad. Maria Lucia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
DIDI-HUBERMAN, Georges. A pintura encarnada. Trad. Osvaldo Fontes Filho e Leila de Aguiar Costa. São Paulo: Escuta, 2012.
DIDI-HUBERMAN, Georges. Que emoção! Que emoção? Trad. Cecília Ciscato. São Paulo: Ed. 34, 2016.
FELINTO, Erick. A imagem espectral: comunicação, cinema e fantasmagoria tecnológica. Cotia: Ateliê Editorial, 2008.
IVO, Ledo. A vida misteriosa do romancista Cornélio Penna. In: PENNA, Cornélio. Romances completos. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1958, p. LIII-LXVIII.
PENNA, Cornélio. Romances completos. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1958.
PENNA, Cornélio. A menina morta. Rio de Janeiro: Artium, 1997.
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