Resumo
Neste artigo, propõe-se uma leitura do conto “A pianista”, de Machado de Assis, publicado em 1866 no Jornal das Famílias. Procuramos mostrar que a obra busca incentivar a modernização das relações familiares no Brasil do século XIX, advogando o casamento por escolha dos cônjuges, em contraste com a prática patriarcal do matrimônio estabelecido por arranjo familiar. Nesse sentido, “A pianista” visa a defender mudanças em padrões sociais da época, propondo maior autonomização dos sujeitos, mas algumas dissonâncias do conto indicam os limites dessa defesa.
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