Resumo
Neste artigo a virada ontológica da antropologia é discutida a partir de uma breve leitura de “Metafísicas canibais”, de Eduardo Viveiros de Castro. A ideia é que os problemas formulados pelas teorias pós-coloniais no âmbito da literatura comparada podem ser informados e reconfigurados a partir desse movimento recente da antropologia. Se Viveiros defende a autodeterminação dos povos e de seus campos mitopráticos, os estudos literários podem também tentar reconhecer a autodeterminação ontológica dos complexos figurais e a contingência histórica radical das máquinas míticas que eles compõem. Essa articulação é feita por meio de algumas ideias do crítico literário norte-americano Kenneth Burke.
Referências
AHMAD, Aijaz. Linhagens do presente. São Paulo: Editora Boitempo, 2013.
APPADURAI, Arjun. Grassroots globalization and the research imagination. Public Culture, v. 12, n. 1, 2000, pp. 1-19.
APPADURAI, Arjun. Globalization. In: KRISHNASWAMY, Revathi; HAWLEY, John C. (Eds.). The Postcolonial and the Global. Minnesota: University of Minnesota Press, 2008, pp. 37-53.
BURKE, Kenneth. Permanence & Change. An Anatomy of Purpose. Berkeley: University of California Press, 1987.
BURKE, Kenneth. Revolutionary Symbolism in America (Speech to the American Writer’s Congress, 1935). In: SIMONS, Herbert W.; MELIA, Trevor (Eds.). The Legacy of Kenneth Burke. Madison: University of Wisconsin Press, 1989, pp. 267-296.
CHAKRABARTY, Dipesh. Provincializing Europe. Princeton: Princeton University Press, 2000.
CUNHA, Manuela Carneiro da. Cultura com aspas. São Paulo: Cosac Naify, 2009.
HUI, Yuk. Cosmopolitics as Cosmotechnics. E-flux Journal, New York, n. 86, 2017, [s.p.].
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A inconstância da alma selvagem. São Paulo: Cosac Naify, 2009.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Metafísicas canibais. N-1 edições. São Paulo: Cosac Naify, 2015.
WAGNER, Roy. Symbols that Stand for Themselves. Chicago: University of Chicago Press, 1986.
O periódico Remate de Males utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.