Abstract
O presente artigo explora as imbricações entre romance e ensaio em uma das principais obras literárias da segunda metade do século XX: O jogo da amarelinha, de Julio Cortázar. De maneira a determinar as contribuições que, nessa obra, romance e ensaio podem dar um ao outro, recorre-se a Montaigne (o aspecto autobiográfico do ensaio), Friedrich Nietzsche (sobre a diversidade de eus) e Theodor Adorno (ensaio como forma), além de à análise de momentos-chave de O jogo da amarelinha em que esse cruzamento se faz presente. Do hibridismo decorrente dessa mistura resulta um texto aberto, que dá ao leitor o poder de decidir a maneira de lê-lo. Embora haja limites para a interpretação (como teorizado por Umberto Eco), o leitor se vê compelido a tomar partido, e por isso O jogo da amarelinha pode ser considerado exemplo daquilo que Roland Barthes chama de “texto de fruição” ou apenas de “texto”.
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