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À margem do Índico: os pobres e o mar em contos moçambicanos
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Palavras-chave

Contos moçambicanos. Mar Índico. Personagens pobres.

Como Citar

BRAUN, Ana Beatriz; ALVES, Ricardo Luiz Pedrosa. À margem do Índico: os pobres e o mar em contos moçambicanos. Remate de Males, Campinas, SP, v. 38, n. 1, p. 116–146, 2018. DOI: 10.20396/remate.v38i1.8651256. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/remate/article/view/8651256. Acesso em: 20 abr. 2024.

Resumo

A partir da leitura de cinco contos moçambicanos, este ensaio pretende discutir uma dupla representação: personagens pobres e mar Índico. São analisados os seguintes contos: “História de Sonto: o menino dos jacarés de pau” (José Craveirinha), “Ziche pescador” (José Craveirinha), “A praga” (Ungulani Ba Ka Khosa), “O outro lado do mar” (Clemente Bata) e “A força do mar de Agosto” (João Paulo Borges Coelho). As questões aqui discutidas passam pela consideração do mar como espaço de sobrevivência das personagens pobres. São analisadas as representações do mar a partir das personagens e dos narradores. A estrutura econômica configura-se como essencial para um melhor entendimento das diversas linhas de força de pertença identitária: local, nacional, transnacional. Concede-se, para tanto, especial atenção à dimensão da mobilidade em relação ao mar e ao espaço geográfico em terra. Tal mobilidade espacial, sugerimos, constitui-se como forma privilegiada para entender a especificidade da modernidade nos contos moçambicanos. Conclui-se que, nos contos analisados, há uma dicotomia entre a representação de mar e a dimensão índica de um imaginário transnacional. Se o mar é representado nos contos como força de atração e repulsão a partir da sobrevivência no cotidiano, a dimensão transnacional do Índico surge menos como imaginário e mais como linha de força estruturalmente significativa para a vida dos pobres, condicionando sua mobilidade marginalizada.
https://doi.org/10.20396/remate.v38i1.8651256
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