Banner Portal
Autoridades, forças e violências em “Casas de ferro”, de João Paulo Borges Coelho: entre a abertura ao desconhecido e a imaginação do futuro
PDF

Palavras-chave

Mar Índico. Achille Mbembe. Jacques Derrida.

Como Citar

MIRANDA, Rui Gonçalves. Autoridades, forças e violências em “Casas de ferro”, de João Paulo Borges Coelho: entre a abertura ao desconhecido e a imaginação do futuro. Remate de Males, Campinas, SP, v. 38, n. 1, p. 75–99, 2018. DOI: 10.20396/remate.v38i1.8651356. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/remate/article/view/8651356. Acesso em: 25 abr. 2024.

Resumo

“Casas de ferro”, de João Paulo Borges Coelho, nomeadamente a abordagem da estória aos indícios do mar Índico, funciona como um ponto de partida para uma reflexão sobre questões de lei, autoridade, força e violência. A estória suplementa literariamente visões históricas, geográficas, políticas e filosóficas; o mar, enquanto dispositivo textual e literário, irrompe no final da estória como elemento de conflito e suspensão, deixando o final em aberto e colocando em cena uma abertura ao desconhecido que permite repensar as relações entre o próprio e o outro enquanto mais que simplesmente o outro do próprio; entre os outros que os próprios (Autoridade e Força) procuram apropriar e espoliados (moradores e refugiados) em nome de uma lei e de um discurso que, extravasando o colonialismo (bem como o neocolonialismo e a pós-colonialidade), cinicamente apelam ao bem comum e simulam ter em mente os interesses da população e do “desenvolvimento” do país. O mar Índico, topos e tropo, não configura simplesmente um outro espaço/lugar (sob trajes utópicos e/ou heterotópicos) ou um outro “Futuro” que contrabalance o que se passa em terra firme, projetado pela Autoridade e respetiva Força. O mar (e os elementos associados, como os barcos e o areal) funciona como um dispositivo que ativa o papel e o direito da literatura de abordar o “real acontecido”, ao mesmo tempo que “imagina o futuro” e sugere visões alternativas às dominantes.
https://doi.org/10.20396/remate.v38i1.8651356
PDF

Referências

AGAMBEN, Giorgio. La guerra civile come paradigma politico. Turim: Bolatti Boringhieri, 2015.

BHABHA, Homir. DissemiNation: Time, Narrative, and the Margins of the Modern Nation. In: BHABHA, Homir (Org.). Nation and Narration. Londres: Routledge, 1990, pp. 291-322.

BRUGIONI, Elena. Contiguidades ambíguas. Críticas pós-coloniais e literaturas africanas. In: LEITE, Ana Mafalda; KHAN, Sheila; FALCONI, Jessica; KRAKOWSKA, Kamila (Orgs.). Nação e narrativa pós-colonial I. Angola e Moçambique – Ensaios. Lisboa: Edições Colibri, 2012, pp. 379-392.

COELHO, João Paulo Borges. Índicos indícios I: Setentrião. Lisboa: Caminho, 2005.

COELHO, João Paulo Borges. [Entrevista a Rita Chaves]. Via Atlântica, n. 16, 2009, pp. 151-166.

COELHO, João Paulo Borges. [Entrevista a Elena Brugioni]. A literatura e o léxico da pós-colonialidade: uma conversa com João Paulo Borges Coelho. Diacrítica, v. 3, n. 24, 2010, pp. 427-44.

COELHO, João Paulo Borges. [Entrevista a Ana Patrício Vicente Peixinho Santos]. Navegações, v. 4, n. 1, 2011, pp. 107-109.

COELHO, João Paulo Borges. [Entrevista]. In: LEITE, Ana Mafalda et al. (Orgs.). Nação e narrativa pós-colonial II. Angola e Moçambique – Entrevistas. Lisboa: Edições Colibri, 2012, pp. 131-144.

DERRIDA, Jacques. Positions. [Entrevista a Jean-Louis Houdebine et Guy Scarpetta]. In: Positions. Paris: Éditions de Minuit, 1972, pp. 51-133.

DERRIDA, Jacques. Force of Law. The “Mystical Foundation of Authority”/ Force de Loi. Le “fondement mystique de l’Autorité”’. Trad. Mary Quaintance. Cardozo Law Review, v. 11, 1990, pp. 920-1.045.

DERRIDA, Jacques. Le monolingualisme de l’autre. Paris: Galilée, 1996.

DERRIDA, Jacques; ATTRIDGE, Derek. This Strange Institution Called Literature. An interview with Jacques Derrida. In: ATTRIDGE, Derek (Org.). Acts of Literature. Trad. Geoffrey Bennington e Rachel Bowlby. Londres: Routledge, 1992, pp. 33-75.

ESPOSITO, Roberto. Comunidad, inmunidad y biopolítica. Trad. Alicia García Ruiz. Barcelona: Herder, 2009.

ESPOSITO, Roberto. Communitas. The Origin and Destiny of Community. Trad. Timothy Campbell. Stanford, CA: Stanford University Press, 2010.

HOFMANN, Michael. Introduction. In: KAFKA, Franz. Metamorphosis and Other Stories. London: Penguin, 2007, pp. vii-xv.

HOFMEYR, Isabel. The Complicating Sea. The Indian Ocean as Method. Comparative Studies of South Asia, Africa and the Middle East, v. 32, n. 3, 2012, pp. 584-590.

MBEMBE, Achille. De la postcolonie. Essai sur l’imagination politique dans l’Afrique contemporaine. 2. ed. Paris: Karthala, 2000.

MBEMBE, Achille. Sortir de la grande nuit. Essai sur l’Afrique décolonisée. Paris: Éditions La Découverte, 2013.

MBEMBE, Achille. Politiques de l’inimité. Paris: Éditions La Découverte, 2016.

PEARSON, Michael N. Port cities and intruders. The Swahili Coast, India, and Portugal in the Early Modern Era. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1998.

RANCIÈRE, Jacques. On the Shores of Politics. Londres: Verso, 2007.

RANCIÈRE, Jacques. The Emancipated Spectator. Trad. Gregory Elliott. Londres: Verso, 2009.

RANCIÈRE, Jacques. The Politics of Literature. In: Dissensus. On Politics and Aesthetics. Londres: Bloomsbury, 2010, pp. 152-168.

VECCHI, Roberto. Excepting the Exception. A Bloodstained Cartography of Mozambique in João Paulo Borges Coelho’s Índicos indícios. In: DEMARIA, Cristina; DALY, Macdonald. The Genres of Post-Conflict Testimonies. Nottingham: Critical, Cultural and Communications Press, 2009, pp. 237-247.

Licença Creative Commons
O periódico Remate de Males utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.