Banner Portal
Do museu como prisão de imagens ao triunfo da cidade como obra de arte total
PDF

Palavras-chave

Museu como prisão
Arte e vida
Obra de arte total.

Como Citar

SELIGMANN-SILVA, Marcio. Do museu como prisão de imagens ao triunfo da cidade como obra de arte total. Remate de Males, Campinas, SP, v. 39, n. 1, p. 38–62, 2019. DOI: 10.20396/remate.v39i1.8654024. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/remate/article/view/8654024. Acesso em: 18 abr. 2024.

Resumo

O texto apresenta inicialmente a crítica de Paul Valéry aos museus, anotada em seu artigo de 1923, “Le problème des musées”, que partia de um pressuposto que Benjamin posteriormente teorizou nos temos da arte aurática. Marcel Mauss e Bataille são introduzidos a partir da importância de suas ideias para se pensar a “virada etnológica” da nossa visão de arte e museu, que abalou a tradição estética eurocêntrica. Com Foucault pensa-se o museu como uma das figuras assumidas pela onipresença de heterotopias na modernidade. Recupera-se a reflexão de Adorno sobre os museus, inspirada em Valéry e em Proust, concluindo com sua tese, segundo a qual as artes se tornaram inscrições do sofrimento histórico. Retoma-se a gênese dos museus no século XIX como parte de uma ideologia ontotipológica, de criação da nação, do “próprio” em oposição ao “outro”. Em seguida retoma-se a concepção de Benjamin para quem a tradição foi explodida pela reprodução técnica e foi sugada pelas imagens cinematográficas. Conclui-se com a teoria de Vilém Flusser do fim dos museus e do triunfo da cidade como obra de arte total, Gesamtkunstwerk. Nota-se que a estetização da sociedade moderna pode tanto assumir um caráter fascista, como um caráter emancipador. Tudo depende de a visão lúdico-crítica da arte conseguir vencer as forças da censura que querem seu aniquilamento e a imposição de um pensamento totalitário.

https://doi.org/10.20396/remate.v39i1.8654024
PDF

Referências

ADORNO, Theodor W. Ästhetische theorie. Frankfurt a.M.: Suhrkamp, 1973.

ADORNO, Theodor W. Kulturkritik und Gesellschaft II. Eingriffe, Stichworte, Anhang. Gesammelte Schriften, v. 10.2. Org. por Rolf Tiedemann, com auxílio de Gretel Adorno, Susan Buck-Morss e Klaus Schulz. Frankfurt a.M.: Suhrkamp, 1977.

ADORNO, Theodor W. Teoria estética. Trad. Artur Mourão. Lisboa: Edições 70, 1982.

ADORNO, Theodor. Museu Valéry Proust. In: Prismas. Crítica cultural e sociedade. Trad. de Augustin Wernet e Jorge Almeida. São Paulo: Ática, 2001, pp. 173-185.

BATAILLE, Georges. Documents: Georges Bataille. Trad. J. C. Penna e M. J. Moraes. Desterro: Cultura e Barbárie, 2018.

BELTING, Hans. O fim da história da arte. São Paulo: Cosac e Naify, 2014.

BENJAMIN, Walter. Gesammelte Schriften. V. 1. Frankfurt a.M.: Suhrkamp, 1974.

BENJAMIN, Walter. Kapitalismus als religion. In: Gesammelte Schriften, v. VI. Frankfurt a.M.: Suhrkamp, 1991, pp. 100-102.

BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. 8. ed. rev. Trad. Sérgio Paulo Rouanet; revisão técnica de Márcio Seligmann--Silva. São Paulo: Brasiliense, 2012.

BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. Org. e apres. M. Seligmann-Silva; trad. Gabriel Valladão Silva. Porto Alegre: L&PM, 2013.

CRIMP, Douglas. On the Museum’s Ruins. October, v. 13, Summer, 1980, pp. 41-57.

CUSSET, Yves. Le musée: entre ironie et communication. Paris: Pleins Feux, 2000.

FLUSSER, Vilém. Memoria. 1988. Disponível em: http://flusserbrasil.com/art292.pdf. Acesso em: 9 maio 2017.

FLUSSER, Vilém. Ensaio sobre a fotografia. Para uma filosofia da técnica. Lisboa: Relógio d’Água, 1998.

FLUSSER, Vilém. Bodenlos: uma autobiografia filosófica. São Paulo: Annablume, 2007.

FLUSSER, Vilém. O universo das imagens técnicas. Elogio da superficialidade. São Paulo: Anna Blume, 2008.

FLUSSER, Vilém. We shall survive in the memory of others. Köln: Verlag der Buchhandlung Walther König, 2010.

FLUSSER, Vilém. Pós-história: vinte instantâneos e um modo de usar. São Paulo: AnnaBlume, 2011.

FLUSSER, Vilém. A 18a Bienal de S. Paulo, exemplo de espaço-tempo novo. [s.d.1]. Disponível em: http://www.flusserbrasil.com/art62.pdf. Acesso em: 12 maio 2016.

FLUSSER, Vilém. Arte viva. [s.d.2]. Disponível em: http://www.flusserbrasil.com/art138.pdf. Acesso em: 12 maio 2016.

FLUSSER, Vilém. Como explicar a arte. Explicar a distribuição. [s.d.3]. Disponível em: http://www.flusserbrasil.com/art218.pdf. Acesso em: 12 maio 2016.

FLUSSER, Vilém. Explicar a arte. Explicar o efeito político-social. [s.d.4]. Disponível em: http://www.flusserbrasil.com/art220.pdf. Acesso em: 12 maio 2016.

FLUSSER, Vilém. O papel da arte na ruptura cultural. [s.d.5]. Disponível em: http://www.flusserbrasil.com/art435.pdf. Acesso em: 12 maio 2016.

FOUCAULT, Michel. Outros espaços. In: Estética: literatura e pintura, música e cinema (Ditos e escritos III). 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009, pp. 411-422.

HARTOG, François. Crer em história. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.

HOLLIER, Denis. O valor de uso do impossível. In: BATAILLE, Georges. Documents: Georges Bataille. Trad. J. C. Penna e M. J. Moraes. Desterro: Cultura e Barbárie, 2018, pp. 3-35.

LÉVI-STRAUSS. Claude. Anthropologie structurale. Paris: Plon, 1958.

MAUSS, Marcel. Technique, technologie et civilisation. Ed. e pref. Nathan Schlanger. Paris: PUF, 2012.

PAPE, Elise. Postcolonial debates in Germany – an overview. African Sociological Review / Revue Africaine de Sociologie, v. 21, n. 2, 2017, pp. 2-14.

PROUST, Marcel. À sombra das moças em flor. Em busca do tempo perdido. Trad. Fernando Py. São Paulo: Ediouro, 1994.

QUINCY, Quatremère de. Lettres à Miranda sur le déplacement des monuments de l’art de l’Italie. Org. Édouard Pommier. Paris: Macula, 1989[1796].

SELIGMANN-SILVA. Márcio. Walter Benjamin e a fotografia como segunda técnica. Revista Maracanan, v. 12, n. 14, jan.-jun. 2016, pp. 58-74.

SELIGMANN-SILVA. Márcio. Physiognomia, paisagem ideal e ficção autobiográfica: a viagem à Itália de Goethe. In: O local da diferença. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2018, pp. 268-291.

VALÉRY, Paul. Je disais quelquefois à Stéphane Mallarmé... - Mallarmé. V. I. In: Œuvres. Paris: Gallimard, 1957, pp. 644-660; e 706-710. (Coll. Bibliothèque de la Pléiade)

VALÉRY, Paul. Le problème des musées. In: Œuvres. V. II. Paris: Gallimard, 1960, pp. 1.290-1.293. (Coll. Bibliothèque de la Pléiade)

WARBURG, Aby. Botticellis Geburt der Venus und Frühling. In: Werke. Frankfurt a.M.: Suhrkamp, 2010a[1893], pp. 39-123.

WARBURG, Aby. Dürer und die italienische Antike. In: Werke. Frankfurt a.M.: Suhrkamp, 2010b[1905], pp. 176-183.

WARBURG, Aby. Italienische Kunst und internationale astrologie im Palazzo Schifanoja zu Ferrara. In: Werke. Frankfurt a.M.: Suhrkamp, 2010c[1912/1922], pp. 373-400.

WINCKELMANN. Johann Joachim. Reflexões sobre a arte antiga. Trad. Herbert Caro e Leonardo Tochtrop. Porto Alegre: Movimento, 1975.

WINCKELMANN. Johann Joachim. Von der Nachahmung der griechischen Werke in der Malerei und Bildhauerkunst. In: WINCKELMANN, Anton Raphael Mengs; HEINSE, Wilhelm. Frühklassizismus. Helmut Pfotenhauer et al. (Org.). Frankfurt a.M.: Deutsche Klassiker Verlag, 1995, pp. 10-53.

Licença Creative Commons
O periódico Remate de Males utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.