Banner Portal
"Se eu pensava, eu existia"
PDF

Palavras-chave

Zooliteratura
Ecocrítica
Literaturas africanas

Como Citar

ZANFELICE, Gabriela Beduschi; GALLO, Fernanda Bianca Gonçalves. "Se eu pensava, eu existia": autoria e animalidade em Memórias de porco-espinho, de Alain Mabanckou. Remate de Males, Campinas, SP, v. 42, n. 2, p. 331–348, 2022. DOI: 10.20396/remate.v42i2.8668722. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/remate/article/view/8668722. Acesso em: 19 abr. 2024.

Dados de financiamento

Resumo

O enredo de Memórias de porco-espinho consiste em confissões feitas por um porco-espinho a um baobá sobre sua vida e os crimes que cometeu em nome de seu mestre humano Kibandí. Anunciando abertamente sua animalidade, o porco-espinho ironiza os padrões classificatórios e generalistas dos humanos, mobilizando uma série de elementos que colocam em xeque certos binarismos como natureza e cultura, seres animados e seres inanimados, e questionam a inadequação dessas classificações frente à diversidade e à complexidade animal. Neste artigo, busca-se analisar os modos através dos quais essa autobiografia animal convoca a repensarmos conceitos como humano e não-humano, a categorização em gêneros literários específicos e bem delimitados, os paradigmas dominantes da ciência e as relações entre ficção e realidade, com implicações significativas para examinarmos as relações entre humanos e animais.

https://doi.org/10.20396/remate.v42i2.8668722
PDF

Referências

AGUALUSA, José. (2004) O Vendedor de passados. Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2009.

ARMSTRONG, Philip. “The postcolonial animal”. Society & Animals, vol. 10, n. 4, pp. 413-419, 2002. Disponível em: https://www.animalsandsociety.org/wp-content/uploads/2015/11/armstrong.pdf. Acesso em: 12 nov. 2021.

BARBERY, M. et al. “Pour une littérature-monde en français”. Le Monde, vol. 16, 2007. Disponível em: https://www.lemonde.fr/livres/article/2007/03/15/des-ecrivains-plaident-pour-un-roman-en-francais-ouvert-sur-le-monde_883572_3260.html. Acesso em: 13 dez. 2021.

BORGES, Jorge Luis; GUERRERO, Margarita. (1957). Manual de zoología fantástica. México: Fondo de Cultura Económica, 1998.

BRUGIONI, Elena. “Literary cartographies and humanistic criticism. The Indian Ocean as a ‘critical paradigm’”. Humanidades: Novos Paradigmas do Conhecimento e da Investigação, Nova de Famalição: Húmus Edições-CEHUM, pp. 87–100, 2013.

BUALA. “Entrega das Assinaturas: Campanha por outra Lei da Nacionalidade”. Dá fala: blogue de cultura africana contemporânea, 13 de outubro de 2017. Disponível em: https://www.buala.org/en/da-fala/entrega-das-assinaturas-campanha-por-outra-lei-da-nacionalidade. Acesso em: 19 mar. 2022.

BUENO, Wilson. Jardim Zoológico. São Paulo: Iluminuras, 1999.

CARRIÓN, Jorge. “El premio Nobel de Literatura es incorregible. ¿Hay alternativa?”. The Washington Post, 2021. Disponível em: https://www.washingtonpost.com/es/post-opinion/2021/10/07/nobel-de-literatura-2021-premio-abdulrazak-gurnah/?fbclid=IwAR2ko4wQnhOwGT2Dhfsv68OQhcolnu_4h4bx_MnfVST1i9_BGfFhE9U-TGA. Acesso em: 8 dez. 2021.

CLAVARON, Yves. “Chroniques animales et problématiques postcoloniales”. Revue de littérature comparée, vol. 2, n. 338, pp. 197-211, 2011. Disponível em: https://www.cairn.info/revue-de-litterature-comparee-2011-2-page-197.htm. Acesso em: 11 nov. 2021.

COETZEE, J.M. Desonra. Trad. José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das letras, 2000.

COETZEE, J.M. A vida dos animais. Trad. José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das letras, 2002.

DEVÉSA, Jean-Michel. “L’Afrique à l’identité sans passé d’Alain Mabanckou. D’un continent fantôme l’autre”. Afrique contemporaine, vol. 1, n. 241, pp. 93-100, 2012. Disponível em: https://www.cairn.info/revue-afrique-contemporaine-2012-1-page-93.htm. Acesso em: 11 nov. 2021.

DIOME, Fatou. “L'écrivaine Fatou Diome: ‘il ne faut plus se taire’”. Elle, 14 de abril de 2017. Disponível em: https://www.elle.fr/Societe/Interviews/L-ecrivaine-Fatou-Diome-il-ne-faut-plus-se-taire-3471689. Acesso em: 19 mar. 2022.

GONÇALVES, Bianca Mafra. “Existe uma literatura negra em Portugal?”. Revista Crioula, n. 23, pp. 120-139, 2019.

HENRIQUES, Joana Gorjão. “Falar de etnias ainda é tabu”. Público, 22 de Novembro de 2012. Disponível em: https://www.publico.pt/2012/11/22/sociedade /noticia/falar- de-etnias-ainda-e-tabu-1572743. Acesso em: 19 mar. 2022.

HONWANA, Luís Bernardo. (1964). Nós matamos o cão tinhoso! São Paulo, Kapulana, 2017.

HUGGAN, Graham; TIFFIN, Helen. Postcolonial ecocriticism. Literature, animals, environment. Nova York, Routledge, 2010.

KAFKA, Franz. A metamorfose. Trad. Modesto Carone. São Paulo: Companhia das Letras, 2000 [1915].

LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo GH. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1979.

LISPECTOR, Clarice. Água viva. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.

MABANCKOU, Alain. Verre cassé. Paris, Éditions du Seuil, 2005.

MABANCKOU, Alain. Mémoires de porc-épic (versão ebook). Paris, Éditions du Seuil, 2006.

MABANCKOU, Alain. Ma Soeur-Étoile. Paris, Éditions du Seuil, 2010.

MABANCKOU, Alain. Lumières de Pointe-Noire. Paris, Éditions du Seuil, 2013.

MABANCKOU, Alain. Petit Piment. Paris, Éditions du Seuil, 2015.

MABANCKOU, Alain. Memórias de porco-espinho (versão ebook). Rio de Janeiro, Malê, 2017a.

MABANCKOU, Alain. Penser et écrire l'Afrique aujourd'hui. Paris, Éditions du Seuil, 2017b.

MABANCKOU, Alain. Copo quebrado. Rio de Janeiro, Malê, 2018a.

MABANCKOU, Alain. Les Cigognes sont immortelles. Paris, Éditions du Seuil, 2018b.

MABANCKOU, Alain. Le Coq solitaire. Paris, Éditions du Seuil, 2019.

MABANCKOU, Alain. Huit leçons sur l´Afrique. Paris, Éditions du Seuil, 2021.

MACIEL, Maria Esther. As ironias da ordem – coleções, inventários e enciclopédias ficcionais. Belo Horizonte: UFMG, 2010.

MARIE, Annabelle. “La Mémoire longue du porc-épic (à propos d'un roman d'Alain Mabanckou)”. Nouvelles Études Francophones, vol. 28, n. 1, pp. 77-88, 2013. Disponível em: http://www.jstor.com/stable/24244751. Acesso em: 11 nov. 2021.

NGANANG, Patrice. Temps de chien. Paris, Le Serpent à plumes, 2001.

NOGUEIRA, Paula S. D. Espinhos da tradução: uma leitura de Mémoires de porc-épic, de Alain Mabanckou. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Departamento de Letras Modernas, 2017.

PLUMWOOD, Val. “Decolonizing Relationships with Nature”. In ADAMS, William H.; MULLIGAN, Martin (org.). Decolonizing Nature: Strategies for Conservation in a Post-Colonial Era. Londres, Earthscan, pp. 51–78.

ROSA, João Guimarães. Ave, palavra. Rio de Janeiro: José Olympio, 1978.

SAÚTE, Nelson. “Freddie Mercury era cantor tanzaniano?”. Carta de Moçambique, 2021. Disponível em: https://cartamz.com/index.php/blogs/item/9025-freddie-mercury-era-cantor-tanzaniano. Acesso em: 8 dez. 2021.

TAWADA, Yoko. Memória de um urso-polar. Trad. Lúcia C. Abreu e Gerson R. Neumann. São Paulo: Todavia, 2019.

WYSS, Irena. “Métissage mémoriel chez les écrivains de la migritude: Kétala de Fatou Diome et Mémoires de porc-épic d’Alain Mabanckou”. Études de lettres [online], vol. 3, n. 4, pp. 83-100, 2017. Disponível em: http://journals.openedition.org/edl/2486. Acesso em: 08 dez. 2021.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.

Copyright (c) 2022 Licença Creative Commons

Downloads

Não há dados estatísticos.