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Memórias e escrituras que fal(h)am em "Exortação aos Crocodilos"
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Palavras-chave

Memória. Linguagem. Narrativa.

Como Citar

SANTOS, Maicon Araújo dos. Memórias e escrituras que fal(h)am em "Exortação aos Crocodilos". Resgate: Revista Interdisciplinar de Cultura, Campinas, SP, v. 24, n. 1, p. 99–114, 2016. DOI: 10.20396/resgate.v24i1.8647083. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/resgate/article/view/8647083. Acesso em: 20 abr. 2024.

Resumo

A narração de experiências traumáticas tensiona os limites entre memória e linguagem. A possibilidade de representar o que aconteceu é dissipada na memória estilhaçada, e malograda na tentativa de representar-se em linguagem. O sujeito que viveu experiências de choque tem sua subjetividade constantemente questionada em suas certezas, quando estas são invadidas pelas lembranças involuntárias que surgem com todo o peso do vivido. Desse modo, essa subjetividade em devir funda-se em uma memória que é feita de puro rastro, reminiscência, que ressurge no presente, este então abalado pela força do passado que se inaugura de novo. A verdade do passado se confunde com a abertura do presente nos dramas pessoais experienciados. É o que se vê na narrativa de Exortação aos crocodilos (1999), romance de António Lobo Antunes, em que os fatos são apresentados nesse momento de limiar do acontecimento, que é todo o acontecer. O sentido que se fala está nesse movimento. Daí o acontecimento, junto à linguagem, permanecer em um processo de constante abertura: a força da experiência presente alterando as lembranças do passado, refazendo estas na linguagem que é fala que falha e está a dizer.

https://doi.org/10.20396/resgate.v24i1.8647083
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Referências

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