Resumo
O artigo busca caracterizar sobre as matrizes políticas e culturais de nossa prática social, com enfoque para as identidades produzidas pela tradição colonial, sobreposta pela experiência política do império brasileiro, ambas estruturadas a partir da hegemonia das relações escravocratas e patriarcais, consagradas pela onipotência do Estado e suas influências na realidade política. A República e suas fases ou etapas não altera essa identidade até a eclosão de um novo sujeito social, reconhecido nas lutas e movimentos sociais que conquistaram a redemocratização do país após a ditadura militar (1964-1985) consignando um novo marco histórico, jurídico e social que se materializa nas novas grades de leis e direitos sociais: o estatuto da Criança e do Adolescente, o SUS, as instituições de proteção e direitos da Mulher, as lutas pela igualdade étnica e cultural, as iniciativas de políticas públicas de inclusão e reparação social, as perspectivas de um novo “ethos” ambiental do Brasil, o reconhecimento social tutelar da condição do idoso, dos portadores de necessidades especiais, dos índios, do negro, dos homossexuais, entre outros segmentos e vanguardas civis emancipatórias. Apresenta as tendências históricas e os constituintes éticos e políticos dessa tradição de dominação e aponta possibilidades de inversão, superação e desarticulação dessas tendências ou matrizes autoritárias, a partir da prática política, da ressignificação da formação ética e educacional, da reconstituição dos valores sociais numa prospectiva de solidariedade, humanização, justiça social e democratização política.
Referências
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