Visibilidade e vantagens na publicação de periódicos em portais institucionais

Visibilidade e vantagens na publicação de periódicos em portais institucionais

Gildenir Carolino Santos

A área da comunicação científica acompanhou a transformação mundial da tecnologia da informação referente às publicações periódicas, despontando consideravelmente nas instituições públicas como as universidades. Sendo assim, é possível perceber que os periódicos eletrônicos por si só já operam grandes mudanças nos ambientes de pesquisa, construindo um elo entre a prática e a teoria referenciadas nos artigos científicos.

Nessa mesma proporção, os portais de periódicos refletem alterações, tanto nas atividades de busca quanto nas atividades de disseminação de informações contidas nas publicações seriadas, visto que os portais periódicos modificam as estruturas de comunicação, ampliando as possibilidades de estratégia de buscas precisas e sofisticadas diretamente nos artigos de vários periódicos (SOUTO, 2007 apud GARRIDO; RODRIGUES, 2010).

Cada vez mais, as universidades desenvolvem e implantam seus portais de periódicos para agregar em massa as produções científicas. De modo geral, um portal é uma página específica na  internet, que serve como ponto de  acesso direto a outros conjuntos de serviços e informações,  contendo subdivisões específicas sobre determinado tema ou área do conhecimento. No que se refere a periódicos científicos, um portal exerce a função agregadora e funciona como um índice, tendo por objetivo ajudar os pesquisadores a encontrar informações específicas acerca de autores, títulos, temas, etc.

Um portal de periódicos, além da função de agregar informações, aplicações e serviços relevantes aos usuários, e organizar a informação periódica; realiza o filtro de várias informações por meio de uma interface única.

Hoje em dia, com os sistemas de gerenciamento editoriais é possível administrar em qualquer parte do planeta uma ou mais publicações que estejam configuradas em um desses sistemas. Como exemplo bem sucedido de software gratuito para organização de periódicos e portais, citamos o Open Journal Systems (OJS), ferramenta de gerenciamento de publicações periódicas on-line que foi lançado em 2002 como software de código aberto distribuído pelo Public Knowledge Project  (PKP) [Fig.1]. No Brasil foi traduzido pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) com o nome de Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER), oferecendo o ambiente customizado de acordo com a identidade visual da instituição, mas deve ser mantido o nome original (OJS) a partir da versão 3.0 em diante. (SANTOS; FERREIRA, 2014).

Figura 1 – Site de acesso ao PKP
Fonte: https://pkp.sfu.ca/

O OJS/SEER [Fig.2] é um software desenvolvido para a construção e a gestão de publicações periódicas eletrônicas, ou de várias publicações gerenciadas por meio de um portal. Essa ferramenta contempla ações essenciais à automação das atividades de editoração de periódicos científicos garantindo a visibilidade das publicações pela internet. Recomendado pela CAPES, o processo editorial no OJS/SEER permite melhoria na avaliação da qualidade dos periódicos, e maior rapidez no fluxo das informações. A aceitação do OJS pela comunidade brasileira de editores científicos se deve ao desempenho do sistema e de sua fácil adaptação aos processos de editoração em uso.

Figura 2 – Site de acesso ao OJS
Fonte: https://pkp.sfu.ca/ojs/

Nesse sentido, as vantagens de um portal de publicações periódicas gerenciado pelo software OJS/SEER são diversificadas, como ao incluir-se no sistema LOCKSS. Trata-se de um sistema de preservação digital de informação eletrônica lançado pela Universidade de Stanford em abril de 2004, que permite a preservação de todos os dados da publicação, replicando com seguridade os dados de várias publicações por meio de caixas virtuais (box) entre uma ou mais instituições. No Brasil, esse serviço de preservação das publicações periódicas estruturadas pelo OJS é gerenciado também pelo IBICT, por meio da Rede Cariniana de Preservação Digital. Dessa forma, os portais de periódicos que utilizam o software OJS e que fazem parte da rede Cariniana [Fig.3] asseguram a preservação digital dos dados de suas publicações (TRZESNIAK, 2012).

Figura 3 – Portal da Rede Cariniana (IBICT)
Fonte: http://cariniana.ibict.br/

Outra grande vantagem, que a maioria dos editores desconhecem em relação ao portal de publicações gerenciadas pelo OJS, é a de que o próprio portal, a partir do momento de sua instalação, torna-se uma fonte de indexação dos periódicos, visto que ele agrega metabuscadores, além do protocolo OAI-PMH, disponibilizado automaticamente no momento da instalação.

Além disso, outra vantagem de um portal de periódicos, utilizando o OJS está na possibilidade de integrá-lo com o DOI (Digital Object Indentifier), sistema proprietário desenvolvido pela Fundação DOI / CrossRef. A inserção do DOI no OJS é fácil e objetiva, uma vez que a aplicação do número de registro do DOI da instituição é gerada quando a mesma afilia-se à Fundação DOI/CrossRef. Esse registro permite manter a persistência dos links da URL atrelada às publicações que possuem DOI. A utilização do DOI na publicação é como se um documento de identidade (RG) para o artigo do periódico, assim como o ISSN para o título da publicação periódica; o DOI favorece a visibilidade internacional das publicações. No Brasil, a entidade responsável pela afiliação à CrossRef é a Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC), tendo o apoio técnico do IBICT. [Fig 4].

Figura 4 – Site de acesso à ABEC
Fonte: https://www.abecbrasil.org.br

Outra possibilidade com o software do OJS é a integração dele ao plugin para o ALM-PLoS, parceria entre a PKP e a PLoS, ferramenta que possibilita a medição de acessos e downloads dos artigos dos periódicos incluídos no portal. [Fig.5]

Figura 5 – Exemplo do ALM-PLoS
Fonte: https://goo.gl/vEvOaP

Existem vários plugins para aprimorar os periódicos e os portais pelo OJS, além do plugin do Altmetrics, também temos o puglin para padronização e normalização das informações referências bibliográficas, idiomas, inclusão do DOI bastando apenas instalar a norma adotada para sua publicação.

Por último, todo portal, especialmente os gerenciados pelo OJS, podem solicitar ao Centro Brasileiro do ISSN [Fig6] a atribuição para o registro do ISSN, possibilitando que o mesmo possa ser cadastrado em mecanismos de busca (Google, Yahoo, Bing, etc.), tornando-o mais robusto e unicamente exclusivo com a numeração do ISSN em relação aos demais portais existentes na internet.

Figura 6 – Site de acesso ao Centro Brasileiro do ISSN (IBICT)
Fonte: http://cbissn.ibict.br/index.php/solicitar-issn

Enfim, essas possibilidades de vantagens oferecidos por um sistema de editoração de revistas ou portais, como no caso do OJS evidencia os benefícios de um sistema para gerenciar as publicações em uma instituição. Provavelmente essa nova técnica de gerenciamento permitirá que as instituições com seus portais de periódicos apresentem um modelo de gestão para destacar suas publicações por meio de acesso aberto, valendo-se da adoção de alguns princípios básicos, tais como: padronização, credibilidade e a visibilidade dessas publicações (GRANTS; OLIVEIRA, 2013).

A informação disponível via internet, favorece a visibilidade e promove a internacionalização e reconhecimento da publicação, até mesmo a publicação disponível no portal em fase da modalidade AOP – Ahead of Print. Tal mecanismo (AOP) é uma das grandes vantagens da disponibilidade das publicações em portais antes do lançamento delas contribuindo para a difusão mais rápida das pesquisas, publicando-as de forma separada da edição completa por meio de publicar na medida em que são aprovado os textos e pré-editorados. [Fig.7]

Figura 7 – Modelo de periódico com AOP (RDBCI – Rev. Digital de Bibliot. e Ci. Inf. – UNICAMP)
Fonte: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rdbci/issue/view/1401

Vale apenas ressaltar que, a afiliação em associações credenciadas e de divulgação agregam outros valores e enriquecem ainda mais as publicações.

 

REFERÊNCIAS

GARRIDO, Isadora dos Santos; RODRIGUES, Rosangela Schwarz.  Portais de periódicos científicos online: organização institucional das publicações Isadora dos. Perspectivas em Ciência da Informação, v.15, n.2, p.56-72, maio./ago. 2010 . Perspectivas em Ciência da Informação, v.15, n.2, p.56-72, maio./ago. 2010. Disponível em:<http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/
view/943/732
>.  Acesso em: 16 ago. 2015.

GRANTS, Andréa Figueiredo Leão; OLIVEIRA, Alexandre Pedro de. Visibilidade, credibilidade e padronização: o modelo de gestão do Portal de Periódicos UFSC. In:AMBONI, Narcisa (Org.).  Gestão de bibliotecas universitárias : experiências e projetos da UFSC.  Florianópolis: UFSC/BU, 2013. p.59-68. Cap. 4. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/handle/
123456789/99534
>.  Acesso em: 16 ago. 2015.

SANTOS, Gildenir Carolino; FERREIRA, Danielle Thiago.  Gestão editorial: do conceito ao gerenciamento eletrônico. In: SOUTO, Leonardo Fernandes (Org.). Gestão da informação e do conhecimento: práticas e reflexões. Rio de Janeiro, RJ: Interciência, 2014.  p.221-242. Cap.11.

TRZESNIAK, Piotr. A questão do livre acesso aos artigos publicados em periódicos científicos. Em Aberto, Brasília, v. 25, n. 87, p. 77-112, jan./jun. 2012. Disponível em: < http://emaberto.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/viewFile/2620/1847> .  Acesso em:  16 ago. 2015.

NOTA: Post readaptado do original publicado no Boletim ABEC, 2015. Houve atualizações e inserções de novo texto.

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