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A estrutura prosódica das disfluências em português brasileiro
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Palavras-chave

Disfluências. Análise Prosódica. Fala Espontânea.

Como Citar

SCARPA, Ester Mirian; FERNANDEZ-SVARTSMAN, Flaviane. A estrutura prosódica das disfluências em português brasileiro. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, SP, v. 54, n. 1, p. 25–40, 2012. DOI: 10.20396/cel.v54i1.8636969. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8636969. Acesso em: 7 out. 2024.

Resumo

Este artigo trata de buscar as tendências de ocorrência de disfluências (repetições hesitativas e alongamentos vocálicos não-enfáticos) no interior dos domínios prosódicos do enunciado. Usando modelos de Fonologias Prosódica e Entoacional, aplicado a um corpus de um trecho de fala espontânea, verifica-se: (i) que as repetições e alongamentos hesitativos se dão com maior frequência com clíticos prosódicos; (ii) que repetições hesitativas não envolve cabeça de frase fonológica de frase entoacional e, se a repetição hesitativa envolve a palavra fonológica, esta é sempre não cabeça de frase fonológica ou frase entoacional; (iii) que há abaixamento de tessitura do contorno entoacional dos trechos com repetições hesitativas, fenômeno já notado por Viscardi (2012); e (iv) que depois das repetições hesitativas, é grande a incidência de atribuição de configuração tonal de foco encontrada em português brasileiro (H*+L ou L*+H L-). Trechos hesitativos, considerados na literatura como marcas de “disfluência”, fazem parte da dinâmica da fala e da elaboração do texto oral. Se, por um lado, sua ocorrência é imprevisível no discurso (embora cíclica), quando ocorrem, não são aleatórios prosodicamente.
https://doi.org/10.20396/cel.v54i1.8636969
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