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A enunciação de golpe: heterogeneidade, polêmica e interdiscurso
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Palavras-chave

Heterogeneidade enunciativa. Polêmica. Interdiscurso.

Como Citar

NASCIMENTO, Emanuel Angelo; SANTOS, Fernando Simplício dos; ROSZIK, Anderson Augusto. A enunciação de golpe: heterogeneidade, polêmica e interdiscurso. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, SP, v. 60, n. 1, p. 242–270, 2018. DOI: 10.20396/cel.v60i1.8650023. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8650023. Acesso em: 30 jun. 2024.

Resumo

Este artigo tem por objetivo discutir e analisar os processos de enunciação e as condições de produção do(s) sentido(s) em torno da palavra golpe, que circulou recentemente, na mídia brasileira, envolvendo o afastamento de Dilma Rousseff da presidência da República, no Brasil, em 2016. Para tanto, mobilizamos alguns dos pressupostos teóricos da Análise do Discurso (AD) de linha francesa, tendo como ponto de ancoragem teórico-analítica a questão da polêmica, além das noções de heterogeneidade enunciativa, a partir das reflexões de Authier-Revuz (1982, 1984) e de interdiscurso, a partir de Pêcheux (1975), em diálogo com as perspectivas enunciativas trabalhadas por Benveniste (2006 [1974]) e por Guimarães (2002). O corpus de análise é constituído de alguns textos publicados, entre 2015 e 2016, pelos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, a partir dos quais observamos a heterogeneidade discursiva nos processos de enunciação de golpe, buscando explicitar as constantes disputas e os deslocamentos de sentidos construídos sócio-históricamente, no interdiscurso, considerando as diferentes posições-sujeito e as Formações Discursivas (FDs) em jogo. 
https://doi.org/10.20396/cel.v60i1.8650023
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