Resumo
Em estudos da toponímia brasileira, um dos procedimentos mais utilizados pelos pesquisadores quanto à análise dos nomes geográficos é a aplicação de um modelo taxionômico. O modelo de Dick (1990b), que tem como objetivo a classificação dos elementos motivadores de forma objetiva e de uma perspectiva sincrônica, inclui, por exemplo, a categoria dos crononotopônimos – topônimos com indicadores cronológicos representados pelos adjetivos novo(a) e velho(a). Quando se deseja evidenciar as causas específicas – que envolvem as razões do denominador – é necessário o levantamento de pelos menos alguns aspectos da história do acidente geográfico nomeado, isto é, a perspectiva passa a ser diacrônica. O objetivo do estudo apresentado neste texto é demonstrar que em uma mesma categoria, as causas denominativas, apesar de específicas para cada designativo, podem ser sistematizadas e divididas em grupos conforme seu conteúdo semântico. Para isso, toma-se a lista de nomes de municípios brasileiros disponibilizada pelo IBGE e separam-se os 137 considerados cronotopônimos; na sequência, investigam-se aspectos da história de cada município (especialmente a partir do Portal Cidades@ do IBGE e dos sites oficiais de cada município). No que se refere às reflexões teóricas, parte-se dos estudos de Lognon (1920), Dauzat (1947) e Dick (1990a, 1990b, 1999). A pesquisa evidenciou como principais causas denominativas dos cronotopônimos as seguintes: a) um aglomerado humano já nomeado, após atos administrativos, passa à categoria de município e inclui o adjetivo novo(a) para marcar um outro momento da história do seu desenvolvimento; b) o município recebe o nome em referência a outra cidade, estado, país etc. e, para evitar a homonímia de topônimos, inclui-se o adjetivo novo(a). Além dessas, outras causas denominativas estão descritas no artigo.
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