Banner Portal
Estilização de gênero e ideologias linguísticas
PDF

Palavras-chave

Linguística feminista
Estilização de gênero
Ideologias linguísticas
Novo biologismo

Como Citar

VALLADA, Amanda Diniz. Estilização de gênero e ideologias linguísticas: conexões teóricas. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, SP, v. 62, n. 00, p. e020003, 2020. DOI: 10.20396/cel.v62i0.8656071. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8656071. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

Este artigo discute sobre as conexões teóricas entre estilização de gênero e ideologias linguísticas. O conceito de estilização de gênero parte da teoria de gênero de Judith Butler (2019) sobre estilização do corpo e as definições de ideologias linguísticas são dadas por Judith Irvine (1989), Jan Blommaert (2014) e Deborah Cameron (2014). O objetivo principal é compreender como as ideologias linguísticas atuam na estilização de gênero para produzir e legitimar diferenças de gênero. Além disso, o artigo procura mostrar a utilidade de alinhavar os estudos sobre esses dois fenômenos para o campo da Linguística Feminista. As discussões fundamentam-se nas teorizações sobre ideologias linguísticas e estilização de gênero, performatividade e atos de fala (AUSTIN, 1962) e distinção sexo/gênero (RUBIN, 1975). Há, ainda, um panorama dos estudos feministas e da Linguística Feminista antes e depois da virada performativa iniciada por Butler. O artigo mostra, em suas observações teóricas, que na rígida estrutura reguladora que constrói a estilização de gênero participam ativamente as ideologias linguísticas. Para mostrar a atuação desses fenômenos no contexto ocidental vigente, o artigo trata dos aspectos do novo biologismo (CAMERON, 2009; 2010; 2014), uma ideologia linguística com ares de cientificidade.

https://doi.org/10.20396/cel.v62i0.8656071
PDF

Referências

AUSTIN, J. L. How to do things with words. Oxford: Oxford University Press, 1962.

BARON-COHEN, S. The essential difference: man, women, and the extreme male brain. Londres: Allen Lane, 2003.

BLOMMAERT, J. Ideologias linguísticas e poder. In: SILVA, D.; FERREIRA, D.; ALENCAR, C. (Orgs.) Nova pragmática: modos de fazer. São Paulo: Cortez, 2014, p. 67-76.

BORBA, R. A linguagem importa? Sobre performances, performatividade e peregrinações conceituais. cadernos pagu, Campinas, n. 43, p. 441-474, 2014. DOI http://dx.doi.org/10.1590/0104-8333201400430441.

BORBA, R.; LOPES, A. Escrituras de gênero e políticas de différance: imundície verbal e letramentos de intervenção no cotidiano escolar. Linguagem & Ensino, Pelotas, v. 21, n. esp., p. 241-285, 2018.

BUTLER, J. Problemas de gênero. 19. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019.

CAMERON, D. Desempenhando identidade de gênero: conversa entre rapazes e a construção da masculinidade heterossexual. In: OSTERMANN, A. C.; FONTANA, B. (Orgs.). Linguagem, gênero, sexualidade: clássicos traduzidos. São Paulo: Parábola, 2010. p. 129-149.

CAMERON, D. Gender, language, and the new biologism. Constellations, v. 17, n. 4, p. 527-539, 2010. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1467-8675.2010.00612.x.

CAMERON, D. Gender and language ideologies. In: EHRLICH, S.; MEYERHOFF, M.; HOLMES, J. (Eds.). The handbook of language, gender and sexuality. Malden: Wiley Blackwell, 2014, p. 281-296.

CAMERON, D. Sex/gender, language and the new biologism. Applied Linguistics, v. 31, n. 2, p. 173-192, 2009. DOI: https://doi.org/10.1093/applin/amp022.

CAMERON, D. The feminist critique of language: a reader. 2. ed. Abingdon: Routledge, 2005.

CAMERON, D. Theorising the female voice in public contexts. In: BAXTER, J. Speaking out: the female voice in public contexts. Hampshire: Palgrave Macmillan, 2006, p. 3-20.

CAMERON, D. Verbal hygiene. 2. ed. Londres: Routledge, 2012.

CARR, J.; PAUWELS, A. Boys and foreign language learning: real boys don’t do languages. Hampshire: Palgrave Macmillan, 2006.

FAUSTO-STERLING, A. Dualismos em duelo. cadernos pagu, Campinas, n. 17-18, p. 9-79, 2002. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-83332002000100002.

FINE, C. Delusions of gender: the real science behind sex differences. 2. ed. Londres: Icon Books, 2010.

HALL, K.; BUCHOLTZ, M. Gender articulated: language and the socially constructed self. Nova York: Routledge, 1995.

IRVINE, J. When talk isn’t cheap: language and political economy. American Ethnologist, v. 16, n. 2, p. 248-267, 1989. DOI https://doi.org/10.1525/ae.1989.16.2.02a00040.

JESPERSEN, O. The woman. In: CAMERON, D. (Ed.). The feminist critique of language: a reader. 2. ed. Abingdon: Routledge, 2005, p. 225-241.

KULICK, D. Speaking as a woman: structure and gender in domestic arguments in a New Guinea village. Cultural Anthropology, v. 8, n. 4, p. 510–541, 1993.

LAKOFF, R. Language and Women’s Place. Nova York: Harper and Now, 1975.

LAKOFF, R. Language and Women’s Place. 2. ed. Nova York: Oxford University Press, 2004.

LIVIA, A.; HALL, K. “É uma menina!”: a volta de performatividade à linguística. In: OSTERMANN, A. C.; FONTANA, B. (Orgs.). Linguagem, gênero, sexualidade: clássicos traduzidos. São Paulo: Parábola, 2010. p. 109-127.

MCELHINNY, B. Theorizing gender in sociolinguistics and linguistic anthropology. In: HOLMES, J.; MEYERHOFF, M. (Eds.). The handbook of language and gender. Malden: Blackwell, 2003, p. 21-42.

OSTERMANN, A. C. Análise da Conversa (Aplicada) como uma abordagem para o estudo de linguagem e gênero: o caso dos atendimentos a mulheres em situação de violência no Brasil. Athenea Digital, n. 14, p. 245-266, 2008.

OSTERMANN, A. C.; FONTANA, B. Linguagem. Gênero, Sexualidade: uma introdução. In: OSTERMANN, A. C.; FONTANA, B. (Orgs.). Linguagem, gênero, sexualidade: clássicos traduzidos. São Paulo: Parábola, 2010. p. 9-12.

PINTO, J. Conexões teóricas entre performatividade, corpo e identidades. D.E.L.T.A, São Paulo, v. 23, n. 1, p. 1-26, 2007. DOI http://dx.doi.org/10.1590/S0102-44502007000100001.

PINTO, J. Estilizações de gênero em discursos sobre linguagem. 2002. 219f. Tese (Doutorado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Unicamp, Campinas, 2002.

PINTO, J. Linguagem, feminismo e efeitos de corpo. In: SILVA, D.; FERREIRA, D.; ALENCAR, C. (Orgs.) Nova pragmática: modos de fazer. São Paulo: Cortez, 2014, p. 207-230.

PISCITELLI, A. Re-criando a categoria mulher? In: ALGRANTI, L. (Org.). A prática feminista e o conceito de gênero. Campinas: IFCH/Unicamp, 2002, p. 1-25.

RAJAGOPALAN, K. Nova pragmática: fases e feições de um fazer. São Paulo: Parábola, 2010.

RUBIN, G. The traffic in women: notes on the political economy of sex. In: REITER, R. (Org.). Toward an anthropology of women. Nova York: Monthly Review, 1975, p. 157-210.

SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Tradução por Guacira Louro. Educação & realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, 1995.

TANNEN, D. You just don’t understand: women and men in conversation. Nova York: William Morrow, 1990.

VALLADA, A.; PINTO, J. Cinco décadas de linguística feminista: índices de consolidação do campo, no prelo.

ZIMMERMAN, D.; WEST, C. Sex roles, interruptions, and silences in conversations. In: THORNE, B.; HENLEY, N. (Eds.). Language and sex: difference and dominance. Rowley: Newbury House, 1975, p. 105-129.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.

Copyright (c) 2020 Cadernos de Estudos Lingüísticos

Downloads

Não há dados estatísticos.