Banner Portal
Sentenças absolutas em português brasileiro adulto e infantil
PDF

Palavras-chave

Sentenças absolutas
Estudo experimental
Aquisição de linguagem

Como Citar

REZENDE, Camilla de; GROLLA, Elaine. Sentenças absolutas em português brasileiro adulto e infantil: dados experimentais. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, SP, v. 63, n. 00, p. e021006, 2021. DOI: 10.20396/cel.v63i00.8661260. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8661260. Acesso em: 20 abr. 2024.

Resumo

As sentenças absolutas consistem em uma alternância na valência de verbos transitivos encontrada no Português Brasileiro (PB), tal como “A casa vendeu”. Segundo Negrão & Viotti (2010), nas absolutas, o argumento que representaria a energia responsável pela causa do evento não está presente e nem chega a ser conceitualizado. Não há, portanto, o que chamam de uma força indutora (NEGRÃO & VIOTTI, 2010). As autoras defendem que, nas absolutas, vP não é projetado. Hipotetizamos ainda que verbos instrumentais (como “pintar”) podem ter a força indutora conceitualizada no instrumento (pincel). Para testar as hipóteses, conduzimos um experimento de produção eliciada com 56 crianças entre 3;8 e 6;0 (divididas em dois grupos) e 28 adultos falantes de PB. Os participantes assistiram a animações e tinham que dizer a um fantoche o que havia acontecido em cada uma delas. As variáveis independentes foram: presença de agente (com e sem) e tipo de verbo (instrumental e não instrumental). Os resultados sugerem que ambas as variáveis influenciaram as respostas tanto de crianças como de adultos: os contextos sem agente (p-valor <.0001) e os contextos com verbos não instrumentais (p-valor <.0001) se mostraram mais propícios para a produção de sentenças absolutas. Com relação à diferença de comportamento entre os grupos, as crianças mais novas testadas produziram mais frequentemente absolutas do que passivas, o que indica que a absoluta, por ser menos complexa, é uma estrutura mais acessível nos estágios iniciais da aquisição do PB.

 

https://doi.org/10.20396/cel.v63i00.8661260
PDF

Referências

ADANI, Flavia; SEHM, Marie; ZUKOWSKI, Andrea. How do German children and adults deal with their relatives. Advances in language acquisition, p. 14-22, 2012.

AMARAL, Luana Lopes. A alternância transitivo-intransitiva no português brasileiro: fenômenos semânticos. Tese de doutorado – Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Letras. Belo Horizonte, 2015.

AMARAL, Luana Lopes; CANÇADO, Márcia. Alternância de transitividade com verbos agentivos em PB: a louça já lavou, a casa já vendeu, o caminhão já carregou. Revista de Estudos da Linguagem, v. 25, n. 4, p. 1871-1904, 2017.

AMBAR, Manuela. Inflected infinitives revisited: Genericity and single event. Canadian Journal of Linguistics/Revue canadienne de linguistique, v. 43, n. 1, p. 5-36, 1998.

BELLETTI, Adriana; CONTEMORI, Carla. Intervention and attraction. On the production of subject and object relatives by Italian (young) children and adults. Language acquisition and development, 3. Proceedings of Gala, p. 39-52, 2010.

BELLETTI, Adriana & RIZZI, Luigi. Ways of avoiding intervention: some thoughts on the development of object relatives, passive and control. In: Rich languages from poor inputs, PIATTELLI-PALMARINI, M. & BERWICK, Robert (eds.), p.115-126. Oxford: OUP. 2013.

BORER, Hagit; WEXLER, Kenneth. The maturation of syntax. In: Roeper T., Williams, E. (eds.) Parameter setting. Studies in Theoretical Psycholinguistics (vol. 4). Springer, Dordrecht, p. 123-172, 1987.

CAMACHO, Roberto Gomes. Em defesa da categoria de voz média no português. DELTA: Documentação e Estudos em Linguística Teórica e Aplicada, v. 19, n. 1, 2003.

CARVALHO, Janayna Maria da Rocha. A morfossintaxe do português brasileiro e sua estrutura argumental: uma investigação sobre anticausativas, médias, impessoais e a alternância agentiva. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, 2016.

CIRÍACO, Larissa; CANÇADO, Márcia. A alternância causativo-ergativa no português brasileiro. Matraga-Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ, v. 16, n. 24, 2009.

COLLINS, Chris. A smuggling approach to the passive in English. Syntax, v. 8, n. 2, p. 81-120, 2005.

CRAIN, Stephen; THORNTON, Rosalind; MURASUGI, Keiko. Capturing the evasive passive. Language Acquisition, v. 16, n. 2, p. 123-133, 2009.

CRAWFORD, Jean Lenore. Developmental perspectives on the acquisition of the passive. University of Connecticut, 2012.

DEMUTH, Katherine; MOLOI, Francina; MACHOBANE, Malillo. 3-Year-olds’ comprehension, production, and generalization of Sesotho passives. Cognition, v. 115, n. 2, p. 238-251, 2010.

DE VILLIERS, Jill G. et al. Children's comprehension of relative clauses. Journal of psycholinguistic Research, v. 8, n. 5, p. 499-518, 1979.

FRIEDMANN, Naama; BELLETTI, Adriana; RIZZI, Luigi. Relativized relatives: Types of intervention in the acquisition of A-bar dependencies. Lingua, v. 119, n. 1, p. 67-88, 2009.

FOX, Danny; GRODZINSKY, Yosef. Children's passive: A view from the by-phrase. Linguistic Inquiry, v. 29, n. 2, p. 311-332, 1998.

GROLLA, Elaine; AUGUSTO, Marina. Absolutive constructions in Brazilian Portuguese and relativized minimality effects in children’s productions. Proceedings of GALANA VI-Generative Approaches to Language Acquisition North America. Somerville, MA: Cascadilla Press, p. 36-47, 2016.

GUASTI, Maria Teresa; CARDINALETTI, Anna. Relative clause formation in Romance child’s production. Probus, v. 15, n. 1, p. 47-89, 2003.

JEREMY STANGROOM. Social Science Statistics, 2020. Fisher Exact Test Calculator. Disponível em: <https://www.socscistatistics.com/tests/fisher/default2.aspx>. Acesso em: 9 de set de 2020.

JORGE, Paula Bauab. O clítico se no português brasileiro. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, 2016.

KATO, Mary A. & NUNES, Jairo. Uma Análise Unificada dos Três Tipos de Relativas Restritivas do Português Brasileiro. Revista Socio Dialeto, v. 4, n. 12, edição especial, p. 575-590, 2014.

KAYNE, Richard S. The Antisymmetry of Syntax. Cambridge: The MIT Press, 1994.

KIM, Christina. Structural and thematic information in sentence production. In: Proceedings of the 37th annual meeting of the north east linguistic society. 2006. p. 59-72.

LANGACKER, Ronald W. Foundations of Cognitive Grammar (Volume Ⅱ). Stanford University Press, Stanford, 1991.

LIMA JUNIOR, J. C. Aquisição e processamento de sentenças passivas: uma investigação experimental com infantes, crianças e adultos. Tese de Doutorado. Faculdade de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2016.

MARATSOS, Michael et al. Semantic restrictions on children's passives. Cognition, v. 19, n. 2, p. 167-191, 1985.

MESSENGER, Katherine et al. Is young children’s passive syntax semantically constrained? Evidence from syntactic priming. Journal of Memory and Language, v. 66, n. 4, p. 568-587, 2012.

MOMMA, Shota; SLEVC, L. Robert; PHILLIPS, Colin. Unaccusativity in sentence production. Linguistic Inquiry, v. 49, n. 1, p. 181-194, 2018.

NEGRÃO, Esmeralda Vailati; VIOTTI, Evani de Carvalho. Estratégias de impessoalização no português brasileiro. África no Brasil: A formação da língua portuguesa, 2008.

NEGRÃO, Esmeralda Vailati; VIOTTI, Evani de Carvalho. A estrutura sintática das sentenças absolutas no português brasileiro. Revista Linguística da ALFAL, v. 23, p. 37-58, 2010.

NEGRÃO, Esmeralda Vailati; VIOTTI, Evani de Carvalho. Epistemological aspects of the study of the participation of African languages in Brazilian Portuguese. Portugais et langues africaines: Études afro-brésiliennes, p. 13-44, 2011.

NEGRÃO, Esmeralda Vailati; VIOTTI, Evani de Carvalho. Em busca de uma história linguística. Revista de Estudos da Linguagem, v. 20, n. 2, p. 309-342, 2012.

NEGRÃO, Esmeralda Vailati; VIOTTI, Evani de Carvalho. Contato entre quimbundo e português clássico: impactos na gramática de impessoalização do português brasileiro e angolano. Lingüística, v. 30, n. 2, p. 289-330, 2014.

O’BRIEN, Karen; GROLLA, Elaine; LILLO-MARTIN, Diane. Long passives are understood by young children. In: Proceedings from the 30th Boston university conference on language development. Cascadilla Press Somerville, MA, 2006. p. 441-451.

ORFITELLI, Robyn Marie. Argument intervention in the acquisition of A-movement. Tese de Doutorado – UCLA, 2012.

PIERCE, Amy E. The acquisition of passives in Spanish and the question of A-chain maturation. Language Acquisition, v. 2, n. 1, p. 55-81, 1992.

RANGEL, Marcelo Marques. O traço de animacidade e as estratégias de relativização em português brasileiro infantil: um estudo experimental. Dissertação de mestrado. Universidade de São Paulo, 2017.

RIZZI, Luigi. Relativized minimality. The MIT Press, 1990.

SAS Institute Inc., SAS 9.4 Help and Documentation, Cary, NC: SAS Institute Inc., 2020.

SNYDER, William; HYAMS, Nina. Minimality effects in children’s passives. Structures, strategies and beyond: Studies in honor of Adriana Belletti, p. 343-368, 2015.

UTZERI, Irene. The production and the acquisition of subject and object relative clauses in Italian: a comparative experimental study. Nanzan Linguistics, v. 2, 2007.

VIVANCO, K.; PIRES, A. Aquisição de relativas de objeto no Português Brasileiro. Anais do VIII ENAL/II EIAL Encontro Inter/Nacional sobre Aquisição da Linguagem, 2012.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.

Copyright (c) 2021 Cadernos de Estudos Linguísticos

Downloads

Não há dados estatísticos.