Banner Portal
Propriedades estruturais dos ideofones no kreyòl
PDF

Palavras-chave

Contato linguístico
Línguas crioulas
Crioulo haitiano
Ideofones

Como Citar

HOLZ NUNES, Ariele Helena; AGOSTINHO, Ana Lívia. Propriedades estruturais dos ideofones no kreyòl. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, SP, v. 64, n. 00, p. e022019, 2022. DOI: 10.20396/cel.v64i00.8667694. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8667694. Acesso em: 19 abr. 2024.

Dados de financiamento

Resumo

Este estudo analisa a categoria dos ideofones no kreyòl (crioulo haitiano), itens lexicais que representam uma ideia em um som. O trabalho tem como objetivo apresentar as propriedades estruturais dos ideofones haitianos relacionadas aos âmbitos morfofonológico, sintático e semântico. O embasamento teórico segue Samarin (1965), Childs (1994a, 1994b), Dingemanse (2011), Costa (2017), entre outros autores. Quanto aos preceitos metodológicos, a investigação parte da recolha de dados em fontes já existentes, sobretudo, Prou (2000) e Champion et al. (2015). Um corpus de 81 dados de ideofones foi reanalisado e reclassificado a partir de três critérios para uma palavra ser considerada um ideofone no kreyòl: (1) apresentar conteúdo/traço onomatopaico, (2) sofrer reduplicação (morfo)fonológica e (3) não possuir somente conteúdo nominal. Logo, o corpus passou a contar com 66 dados, que foram tratados nos softwares Excel e Dekereke. Dentre as hipóteses levantadas, assumimos que os ideofones haitianos representam um marcador de complexidade gramatical, posto que as suas características gerais indicam a utilização de diferentes recursos para expressar um mesmo fenômeno. Além disso, destacamos que a morfofonologia é a área de análise mais produtiva dos ideofones haitianos. Em linhas gerais, as principais características estruturais dos ideofones do kreyòl são: (1) para a sintaxe – tendem a ocorrer em sentenças declarativas, manifestam-se em posição sintática medial e/ou final; (2) para a morfofonologia – apresentam formatos morfofonológicos variados (A, A.A, A.B.B, A.B.C etc); sofrem reduplicação total e parcial, e reduplicação morfológica e fonológica; obedecem aos inventários vocálico e consonantal existentes no kreyòl, bem como seguem a estrutura silábica canônica (CV, CVC, CCV etc.); e (3) para a semântica – podem ser enquadrados em diferentes macrocategorias semânticas, sendo as mais expressivas: ações, sons e movimentos.

https://doi.org/10.20396/cel.v64i00.8667694
PDF

Referências

AGOSTINHO, A. L. Fonologia e método pedagógico do lung'Ie. 2015. Tese (Doutorado em Filologia e Língua Portuguesa) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.

AGOSTINHO, A. L.; ARAUJO, G. Lung’Ie, lunge no: Método para aprender lung’Ie. São Paulo: FFLCH/USP, 2021.

AMEKA, F. K. Ideophones and the Nature of the Adjective Word Class in Ewe. In: VOELTZ, F. K. Erhard; KILIAN-HATZ, Christa. (Eds). Ideophones. Amsterdam: John Benjamins, 1999. p. 25-48.

ANSALDO, U. Creole complexity in sociolinguistic perspective. Language Sciences, v. 60, p.26-35, 2017.

ARAUJO, G. Ideofones na língua sãotomense. PAPIA, São Paulo, v. 19, p. 23-37, 2009.

BAKKER, P. The absence of reduplication in pidgins. In: KOUWENBERG, S. (Ed.). Twice as meaningful: reduplication in pidgins, creoles and other contact languages. Battlebridge, 2003, p. 37-46.

BARTENS, A. Ideophones and Sound Symbolism in Atlantic Creoles. Helsinki: Academia Scientiarum Fennica, 2000.

BICKERTON, D. Creole languages and the bioprogram. In: NEWMEYER, F. J. (Ed.). Linguistics: The Cambridge survey, vol III. Cambridge: Cambridge University Press, 1988. p. 268-284.

CASALI, R. Dekereke: phonology software. 2020. Disponível em: https://casali.canil.ca/. Acesso em: 05 a 25 fev. 2021.

CHAMPION, T. B. et al. Performative Features in Adults’ Haitian Creole Narratives. Imagination, Cognition and Personality: Consciousness in Theory, Research, and Clinical Practice, v. 34, n. 4, p. 378–397, 2015.

CHAPOUTO, S. M. C.; PEREIRA, I. Contributo para a descrição da estrutura silábica do guineense. PAPIA, São Paulo, v.29, n.2, p. 111-130, 2019.

CHILDS, G. T. Expressiveness in contact situations: the fate of African ideophones. Journal of Pidgin and Creole languages, v. 9, n. 2, p. 257-282, 1994a.

CHILDS, G. T. African Ideophones. In: HINTON, L.; NICHOLS, J.; OHALA, J. J. (Eds.). Sound Symbolism. Cambridge: Cambridge University Press, 1994b. p. 178-204.

COSTA, P. P. da. Ideofones em Santome. 2017. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2017.

DEGRAFF, M. The Ecology of Language Evolution in Latin America: A Haitian Postscript toward a Postcolonial Sequel. In: SALIKOKO, M. Iberian Imperialism and Language Evolution in Latin America. Chicago: University of Chicago Press, 2014. p. 274-327.

DEGRAFF, M. Against Apartheid in Education and in Linguistics: The Case of Haitian Creole in Neo-Colonial Haiti. In: MACEDO, D. Decolonizing Foreign Language Education. Abingdon: Routledge, 2019. p. 9-32.

DINGEMANSE, M. The Meaning and Use of Ideophones in Siwu. Radboud University, 2011.

DOKE, C. Bantu Linguistic Terminology. London: Longman, 1935.

FATTIER, D. Survey Chapter: Haitian Creole. In: MICHAELIS, S. M.; MAURER, P.; HASPELMATH, M.; HUBER, M. (Eds.) The survey of pidgin and creole languages. Volume 2: Portuguese-based, Spanish-based, and French-based Languages. Oxford: Oxford University Press, 2013. Disponível em: https://apics-online.info/surveys/49#section-4phonology. Acesso em: 10 de jan a 03 de mar de 2021.

FREITAS, S.; BANDEIRA, M. Análise morfológica dos crioulos do Golfo da Guiné e do kabuverdianu. Estudos Linguísticos, v.45, n.1, p. 242-256, 2016.

GOOD, J. Typologizing grammatical complexities or Why creoles may be paradigmatically simple but syntagmatically average. Journal of Pidgin and Creole Languages, v.27, n.1, p.1-47, 2012.

HALL JR, R. A. Haitian Creole. American Anthropological Association. Memoir No, Washington, D.C, 1953.

HASPELMATH, M.; SIMS, A. D. Understanding Morphology. 2nd ed. Londres: Hoddder Education - Understanding Language Series, 2010.

HOLM, J. An introduction to pidgin and creoles. Cambridge: Cambridge University Press, 2004.

HYMAN, L. African languages and phonological theory. Glot International, v. 7, n.6, p. 153-163, 2003.

IMBATENE, J. E. A reduplicação no guineense moderno: fonologia, morfologia e sintaxe. 2019. Monografia (Licenciatura em Letras-Língua Portuguesa) – Instituto de Humanidades e Letras do Malês, Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, São Francisco do Conde, Bahia, 2019.

INKELAS, S.; ZOLL, C. Reduplication: Doubling in Morphology. Cambridge: Cambridge University Press, 2009.

KILIAN-HATZ, C. Universality and diversity: ideophones from Baka and Kxoe. In: VOELTZ, F. K. E.; KILIAN-HATZ, C. (Eds). Ideophones. Amsterdam: John Benjamins, 1999. p. 155-163.

KLAMER, M. Expressives and iconicity in the lexicon. In: VOELTZ, F. K. E.; KILIAN-HATZ, C. (Eds). Ideophones. Amsterdam: John Benjamins, 1999. p. 165-182.

KOUWENBERG, S.; LACHARITÉ, D. The typology of Caribbean Creole reduplication. Journal of Pidgin and Creole Languages, v. 26, n. 1, p. 194-218, 2011.

KUSTERS, W. Complexity in linguistic theory, language learning and language change. In: MIESTAMO, M.; SINNEMÄKI, K.; KARLSSON, F. (Eds.), Language Complexity. Typology: Contact, Change. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 2008. p. 3-22.

LEFEBVRE, C. Creole Genesis and the Acquisition of Grammar: The Case of Haitian Creole. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.

MCWHORTER, J. H. Identifying the creole prototype. Vindicating a typological class. Language, v. 74, n. 4, p. 788–818, 1998.

MCWHORTER, J. H. The world’s simplest grammars are creole grammars. Linguistic Typology, v. 5, p. 125-166, 2001.

MCWHORTER, J. H. Language Interrupted: signs of non-native acquisition in standard language grammars. New York: Oxford University Press, 2007.

MCWHORTER, J. H. Tying up Loose Ends: The Creole Prototype after all. Diachronica, v. 28, n. 1, p. 82-117, 2011.

MOURA, H.; NHAMPOCA, E. A. C. Iconicidade e classes de palavras: os ideofones na língua changana. Signo, Santa Cruz do Sul, v. 42, n. 75, dez. 2017.

MOSHI, L. Ideophones in KiVunjo-Chaga. Journal of Linguistic Anthropology, v. 3, n. 2, p.185-216, 1993.

MSIMANG, C. T.; POULOS, G. The ideophone in Zulu: A re-examination of conceptual and descriptive. In: VOELTZ, F. K. E.; KILIAN-HATZ, C. (Eds.). Ideophones. Amsterdam: John Benjamins, 1999. p. 235-250.

MYERS-SCOTTON, C. Contact Linguistics: Bilingual Encounters and Grammatical Outcomes. New York: Oxford University Press, 2002.

NEWMAN, P. Are Ideophones Really as Weird and Extra-Systematic as Linguists Make them Out to Be? In: VOELTZ, F. K. E.; KILIAN-HATZ, C. (Eds.). Ideophones. Amsterdam: John Benjamins, 1999. p. 251-258.

NEWMEYER, F. J. Can One Language Be ‘More Complex’ Than Another? ABRALIN: Linguistics Online. 2020 (1h07m20s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=MjCMSJSHCjc. Acesso em: 10. dez. 2020.

NHAMPOCA, E. A. C. Identidade categorial e função dos ideofones no changana. 2018. Tese (Doutorado em Linguística) – Programa de Pós-Graduação em Linguística, Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2018.

NUNES, A. H. H.; AGOSTINHO, A. L. Repensando ideofones e reduplicação no crioulo haitiano. Revista do GELNE, v. 22, n. 2, p. 408-427, 2020.

NUNES, A. H. H. Com quantos vocábulos se faz uma língua de prestígio? Os ideofones haitianos como marca enriquecedora das línguas crioulas. 2021. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Programa de Pós-Graduação em Linguística, Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2021.

PARKVALL, M. The simplicity of creoles in a cross-linguistic perspective. In: MIESTAMO, M.; SINNEMÄKI, K.; KARLSSON, F. (Eds.), Language Complexity. Typology: Contact, Change. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 2008. p. 265-285.

PARKVALL, M.; BAKKER, P.; MCWHORTER, J. H. Creoles and sociolinguistic complexity: Response to Ansaldo. Language Sciences, v. 66, p. 226-233, 2018.

PROU, M. E. Haitian Creole Ideophones: an exploratory analysis. Journal of Haitian Studies, University of California, Santa Barbara, v. 5/6, 2000.

SAMARIN, W. J. Perspective on African ideophones. African Studies, v. 24, n. 2, p.117-121, 1965.

SPEARS, A. K. Haitian Creole. In: DI PAOLO, M.; SPEARS, A. K. Languages and dialects in the U.S.: Focus on Diversity and Linguistics. New York: Routledge, 2014. p. 180-195.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.

Copyright (c) 2022 Cadernos de Estudos Linguísticos

Downloads

Não há dados estatísticos.