Banner Portal
A construção dos contextos de referência em narrativas amazônicas: Um estudo da anáfora indireta
PDF

Palavras-chave

Linguística textual. Referenciação. Anáfora indireta.

Como Citar

MOURA, Heliud Luis Maia. A construção dos contextos de referência em narrativas amazônicas: Um estudo da anáfora indireta. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, SP, v. 59, n. 1, p. 197–214, 2017. DOI: 10.20396/cel.v59i1.8648358. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8648358. Acesso em: 18 abr. 2024.

Resumo

Este artigo tem por objetivo analisar anáforas indiretas constitutivas de narrativas amazônicas, observando-se a forma como essas anáforas constroem processos referenciais engatilhados no contexto sociodiscursivo no qual essas histórias são produzidas. O referencial teórico tem como base as postulações de Koch (2004, 2006, 2008); Marcuschi (2005, 2006, 2007); Schwartz (2000); Tesnière (1977); Fillmore (1997) e Moura (2013). Para os autores, a construção de anáforas indiretas constitui uma atividade sociocognitiva e cultural, para a qual são mobilizados diversos processos, precisamente no que concerne a tipos de relações semânticas, a papeis temáticos de verbos, a nominalizações, esquemas cognitivos e modelos mentais, procedimentos inferenciais, em que estão em jogo não só elementos estritamente textuais, mas, sobretudo, elementos engatilhados em contextos de referência nos quais as ações de linguagem são produzidas. O corpus, em análise, consta de 17 (dezessete) narrativas, as quais fazem parte de 13 (treze) números da Revista Visagens, Assombrações e Encantamentos da Amazônia, de autoria do escritor paraense Walcyr Monteiro. Esses números foram publicados entre os anos de 1997 e 2004 e tematizam sobre os personagens: Boto, Cobra, Matintaperera e Curupira, assim como acerca de assombrações e visagens. As análises realizadas levam-me a concluir que os processos anafóricos indiretos são constitutivos das narrativas em estudo, assim como reafirmam o fato de que estes reconstroem significados simbólicos, sociocognitivos e discursivos veiculados no processo de produção das narrativas sob investigação.
https://doi.org/10.20396/cel.v59i1.8648358
PDF

Referências

APOTHÉLOZ, Denis; REICHLER-BÉGUELIN, Marie-José. Construction de la reference et strategies de désignation. In: BERRENDONNER, A; REICHLER-BÉGUELIN, M.-J. (eds). Du sintagme nominal aux objets-de-discours. Neuchâtel: Université de Neuchâtel, 1999, pp. 227-71.

FILLMORE, C. Lectures on Deixis. Stanford: CSLI Publications, 1997.

KOCH, I.G.V; MARCUSCHI, L.A. Processo de referenciação na produção discursiva. In: Delta, número especial, 1998, pp. 169-90.

KOCH, I.G.V. Referenciação: construção discursiva. Ensaio apresentado por ocasião do concurso para titular em Análise do Discurso do IEL/Unicamp, dez. 1999.

KOCH, I.G.V. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2002.

KOCH, I.G.V. Introdução à lingüística textual: trajetória e grandes temas. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

KOCH, I.G.V. Desvendando os segredos do texto. 5 ed. São Paulo: Cortez, 2006.

KOCH, I.G.V. As tramas do texto. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

MARCUSCHI, L.A. Anáfora indireta: o barco textual e suas âncoras. In: KOCH, I.G.V; MORATO, E. M; BENTES, A. C. (Orgs.). Referenciação e discurso. São Paulo: Contexto, 2005.

MARCUSCHI, L.A. Referenciação e cognição: o caso da anáfora sem antecedente. In: PRETI, D. (Orgs.). Fala e escrita em questão. São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2006.

MARCUSCHI, L.A. Cognição, linguagem e práticas interacionais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.

MONTEIRO, W. Uma mulher muito Bonita. In: Visagens e Assombrações e Encantamentos da Amazônia. 2ª ed. n. 3, Ano I. Belém: Smith – Produções Gráficas. 2000, p. 19-20.

MONTEIRO, W. História de beira de rio. In: Visagens e Assombrações e Encantamentos da Amazônia. 2ª ed. n. 5, Ano II. Belém: Smith – Produções Gráficas. 2000, p. 8-10.

MONTEIRO, W. Uma namorada e dois irmãos. In: Visagens e Assombrações e Encantamentos da Amazônia. 2ª ed. n. 5, Ano II. Belém: Smith – Produções Gráficas. 2000, p. 15-18.

MONTEIRO, W. Malinação de boto. In: Visagens e Assombrações e Encantamentos da Amazônia. 2ª ed. n. 7, Ano III. Belém: Smith – Produções Gráficas. 2002, p. 23-24.

MONTEIRO, W. O mergulho. In: Visagens e Assombrações e Encantamentos da Amazônia. 2ª ed. n. 1, Ano I. Belém: Smith – Produções Gráficas. 2000, p. 12-13.

MONTEIRO, W. Uma história muito estranha. In: Visagens e Assombrações e Encantamentos da Amazônia. 2ª ed. n. 3, Ano I. Belém: Smith – Produções Gráficas. 2000, p. 10-13.

MONTEIRO, W. A velha Belízia. In: Visagens e Assombrações e Encantamentos da Amazônia. 3ª ed. n. 2, Ano I. Belém: Smith – Produções Gráficas. 2000, p. 17-19.

MONTEIRO, W. A tia Podó. In: Visagens e Assombrações e Encantamentos da Amazônia. 2ª ed. n. 8, Ano IV. Belém: Smith – Produções Gráficas. 2007, p. 15-18.

MONTEIRO, W. A ladainha de São Benedito. In: Visagens e Assombrações e Encantamentos da Amazônia. Belém. 2ª ed. n. 5, Ano II. Belém: Smith – Produções Gráficas. 2000, p. 12-14.

MONTEIRO, W. Encontro com o curupira. In: Visagens e Assombrações e Encantamentos da Amazônia. 3ª ed. n. 2, Ano I. Belém: Smith – Produções Gráficas. 2000, p. 20-21.

MOURA, H. L. M. Atividades de referenciação em narrativas afiliadas ao universo do lendário da Amazônia: implicações sociocognitivas e culturais. 2013. Tese (Doutorado em Linguística. Área de Concentração: Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

SCHWARZ, M. Indirekte Anaphern in Texten. Studien zur domangebundenen Referenz und Koharenz im Deutschen. Tubingen: Niemeyer, 2000.

TESNIÈRE, L. Élements de syntaxe structurale. Paris: Klincksieck, 1977.

O periódico Cadernos de Estudos Linguísticos utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.