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Um tratamento unificado da omissão e da expressão de sujeitos e objetos diretos pronominais de 3ª pessoa em português brasileiro
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Palavras-chave

Sujeito pronominal
Objeto nulo
Retomada anafórica.

Como Citar

OTHERO, Gabriel de Ávila; SPINELLI, Ana Carolina. Um tratamento unificado da omissão e da expressão de sujeitos e objetos diretos pronominais de 3ª pessoa em português brasileiro. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, SP, v. 61, p. 1–30, 2019. DOI: 10.20396/cel.v61i1.8654211. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8654211. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

Este trabalho apresenta um estudo sobre dois fenômenos envolvendo pronomes que vêm ocorrendo de maneira concomitante na história do português brasileiro (PB): a realização de objeto direto nulo (ON) de 3ª pessoa e o preenchimento pronominal do sujeito. Realizamos uma pesquisa diacrônica que buscou: (i) verificar se houve aumento de sujeitos pronominais expressos no intervalo de 20 anos em Porto Alegre (RS); (ii) verificar se houve aumento de objetos nulos na retomada anafórica nesse mesmo período, nessa mesma cidade; e (iii) verificar quais traços semântico-discursivos do referente (animacidade, especificidade ou gênero semântico) estão atuando como gatilho para a manifestação do pronome nas ocorrências de sujeito e de objeto direto pronominais. Analisamos dois corpora de língua falada espontânea: o corpus do projeto VARSUL, da década de 1990, e o corpus LinguaPOA, produzido e transcrito entre 2015 e 2018. Também usamos dados do NURC, com base no levantamento de Monteiro (1994). Nossos resultados mostram que houve apenas um leve aumento nas ocorrências de sujeito expresso no período de tempo analisado, o que sinaliza que essa mudança está estável em PB. Da mesma forma, também encontramos apenas um leve aumento de ONs no período, o que parece indicar, igualmente, a estabilização de uma mudança. Com relação ao objetivo (iii), mostramos que a distribuição de sujeitos nulos vs expressos e de objetos nulos vs pronomes plenos pôde (até certo ponto) ser explicada com a hipótese do gênero semântico do antecedente. Para os casos destoantes, deixamos sugestões para análises futuras.

https://doi.org/10.20396/cel.v61i1.8654211
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