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O androcentrismo do torcer
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Palavras-chave

Futebol
Androcentrismo
Masculinidade

Como Citar

BANDEIRA, Gustavo Andrada; SEFFNER, Fernando. O androcentrismo do torcer: do Universo do Futebol ao estádio contemporâneo. Conexões, Campinas, SP, v. 20, n. 00, p. e022016, 2022. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/conexoes/article/view/8668348. Acesso em: 27 abr. 2024.

Resumo

Objetivos: problematizamos como os sujeitos torcedores dialogam com o quadro normativo que naturaliza o ambiente dos estádios de futebol como masculino e heteronormativo, a partir de como esses mesmos sujeitos identificam suas alteridades. Metodologia: realizamos diálogos com grupos de torcedores nos quais discutíamos a mudança de um antigo estádio para uma nova arena e a possível presença de violência verbal durante as partidas. Resultados e discussão: os torcedores acabavam naturalizando o gosto pelo esporte para justificar uma maior presença masculina nos estádios; outros pareciam um tanto mais sensibilizados com pautas feministas e condenavam suas próprias atitudes; à participação das mulheres é atribuída uma diferença natural; a maior presença das mulheres acaba sendo associada de forma direta a diminuição do machismo no futebol; homens não heterossexuais também são incluídos como a alteridade do “homem” torcedor; outra alteridade foi nomeada como família; incentivando a equipe, colaborando com o clube e performando “adequadamente”, os torcedores homossexuais estariam autorizados a torcer com os demais. Considerações Finais: Podemos visualizar a existência de um quadro normativo que destaca a relação entre futebol e masculinidade no Brasil. Ele já aparecia com destaque quando do lançamento do Universo do futebol, em 1982, e parece ainda atual. Se o androcentrismo era dado como natural no Universo do futebol aqui ele é um elemento no centro das lutas por significados em um contexto social mais amplo e, também, em tudo o que envolva a prática e a apreciação do futebol.

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Referências

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