Resumo
As mudanças de voz respondem a duas motivações, funcional vs. formal. Interlinguisticamente, tais fenômenos gramaticais recorrem a uma variedade de dispositivos formais, seja a motivação principal ora funcional, como é a demoção de um participante prescindível embora em si central na estrutura semântica do verbo, ora formal como é a promoção com fins de acessibilidade. Obviamente, uma promoção não pode acontecer sem uma demoção concomitante. Um dispositivo predileto − e um dos mais simples formalmente − consiste em intervir sobre a codificação do participante a ser demovido, particularmente, tendo o verbo uma morfologia o suficientemente explícita, graças à manipulação da referencialidade das marcas de pessoa. Como ilustram as duas línguas a serem abordadas em este texto, além de uma pequena amostra de outras, a manipulação da pessoa é uma ferramenta amplamente adequada para servir às mudanças de voz, independentemente do alinhamento básico dos argumentos e do tipo de motivação que induz a voz derivada.
Referências
BARRAZA, Yris (2002). Relación 1a persona agente y 2a persona paciente en shawi. Iquitos: FORMABIAP, Seminario anual de Lingüística.
BARRAZA, Yris (2005). El sistema verbal en la lengua shawi. Recife: Universidade Federal de Pernambuco (Tese de doutorado). Disponível em: http://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/7747
COUCHILI, T.; Maurel, D.; Queixalós, F. (2001-2002). Classes de lexèmes en émérillon. Amerindia Revue d’Ethnolinguistique Amérindienne 26/27: 173-208.
GIVÓN, T. (1981). Typology and functional domains. Studies in Language 5(2): 163-193.
GIVÓN, T. (2001). Syntax: An introduction I. Amsterdam: John Benjamins.
GIVÓN, T.; KAWASHA, Boniface (2006). Indiscrete grammatical relations. The Lunda passive. In Tasaku Tsunoda; Taro Kayegama (eds.). Voice and grammatical relations, pp. 15-41. (Typological Studies in Language 65). Amsterdam: John Benjamins.
HAGÈGE, Claude (1982). La structure des langues. Paris: PUF.
JANIĆ, Katarzyna (2008) Do antipassive constructions exist in Polish? 3rd International Conference: "Perspectives on Slavistics" in Hamburg. Universität Hamburg, August 28-31, 2008.
LAZARD, Gilbert (1989). Transitivity and markedness: the antipassive in accusative languages. In Olga Mišeska Tomić (ed.). Markedness in synchrony and typology, pp. 309-331. (Trends in Linguistics. Studies and Monographs). Berlin: Mouton de Gruyter.
LAZARD, Gilbert (1997) Actance, diathèse: Questions de définition. Bulletin de la Société de linguistique de Paris 92(1): 115-136.
MITHUN, Marianne (2006) Voice without subjects, objects, or obliques: Manipulating argument structure in Agent/Patient systems (Mohawk). In Tasaku Tsunoda; Taro Kageyama (eds.). Voice and grammatical relations, pp.195-216. (Typological Studies in Language 65). Amsterdam: John Benjamins.
PRIMUS, Beagtrice (1999). Cases and thematic roles: Ergative, accusative and active. (Linguistische Arbeiten 393). Tübingen: Niemayer.
QUEIXALÓS, F. (1998). Nom, verbe et prédicat en sikuani, Louvain: Peeters.
QUEIXALÓS, F. (2000). Syntaxe sikuani. Louvain: Peeters.
QUEIXALÓS, F. (2010). Grammatical relations in Katukina-Kanamari. In Spike Gildea; F. Queixalós (eds.). Ergativity in Amazonia, pp. 235-284. (Typological Studies in Language 89). Amsterdam: John Benjamins.
QUEIXALÓS, F. (2012). Antipassive in Katukina-Kanamari. In Gilles Authier; Katharina Haude (eds.). Ergativity, valency and voice, pp. 227-258. (Empirical Approaches to Language Typology 48). Berlin: Mouton de Gruyter.
QUEIXALÓS, F. (2013). L’ergativité est-elle un oiseau bleu? (LINCOM Studies in Typology 26). Munich: LINCOM Europa.
QUEIXALÓS, F. (2014). O papel da categoria de pessoa nas mudanças de voz: Sikuani e Katukina-Kanamari. Signótica 26(2): 353-378.
QUEIXALÓS, F. (no prelo a) What being a syntactically ergative language means for Katukina-Kanamari. In Jessica Coon; Lisa Travis; Diane Massam (eds.). The Oxford Handbook of Ergativity. Oxford: Oxford University Press.
QUEIXALÓS, F. (no prelo b). Valence in Katukina-Kanamari noun phrases and the nature of genitive classifiers. In Francesc Queixalós; Dioney Gomes (orgs.). A estrutura do sintagma nominal nas línguas amazônicas. Campinas: Pontes.
QUEIXALÓS, F.; GILDEA, Spike (2010). Introduction. In spike Gildea; F. Queixalós, (eds.). Ergativity in Amazonia, pp. 1-25. (Typological Studies in Language 89). Amsterdam: John Benjamins.
RODRIGUES, Aryon D. (1990) You and I = Neither You nor I: The personal system of Tupinamba. In Doris L. Payne (ed.). Amazonian Linguistics. Studies in Lowland South American Languages, pp. 393-405. Austin: University of Texas Press.
SHIBATANI, Masayoshi (1985). Passives and related constructions: A prototype analysis. Language 61(4): 821-84.
SILVA, Zoraide dos Anjos G. da (2011). Fonologia e gramática katukina-kanamari. Vrije Universiteit Amsterdam (Tese de doutorado). Disponível em: www.lotpublications.nl/Documents/281_fulltext.pdf
STEELE, Susan (1989). Subject values. Language 65(3): 537-578.
VAN VALIN, Robert D. (1985). Case marking and the structure of the Lakhota clause. In Johanna Nichols; Anthony C. Woodbury (eds.). Grammar inside and outside the clause, pp. 363-413. Cambridge: Cambridge University Press.
A LIAMES: Línguas Indígenas Americanas utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.
Os artigos e demais trabalhos publicados na LIAMES: Línguas Indígenas Americanas, publicação de acesso aberto, passa a seguir os princípios da licença do Creative Commons. Uma nova publicação do mesmo texto, de iniciativa de seu autor ou de terceiros, fica sujeita à expressa menção da precedência de sua publicação neste periódico, citando-se a edição e a data desta publicação.