Resumo
O presente artigo propõe uma análise dos mecanismos de codificação de caso em terena, uma língua classificada como pertencente à família aruak. A análise dar-se-á a partir da abordagem funcional-tipológica baseada nos trabalhos de Palmer (1994), Blake (1994); e, principalmente, nos trabalhos de Dixon (1979 e 1994). Em terena, as funções gramaticais S, A e O, quando codificadas pelos mecanismo de referência cruzada, marcação morfológica de caso e ordem de constituintes apontam para distintos alinhamentos, ora nominativo/acusativo, ora ergativo/absolutivo, resultantes de uma marcação fluída e cindida de caso orientado para o nominativo/absolutivo. A análise de tal cisão é aqui consolidada à medida que se pondera a respeito dos fatores condicionadores de cisão intransitiva, o que assinalar para o seguinte: é o condicionamento dado pela natureza semântica dos SNs o principal fator condicionador da intransitividade cindida na língua terena.
Referências
ABA-Associação Brasileira de Antropologia (1954). Convenção para a grafia dos nomes tribais. Revista de Antropologia 2(20): 150-152.
Aikhenvald, Alexandra Y. (1999). The Arawak language family. In R. M. W. Dixon; Alexandra Y. Aikhenvald (orgs.). The Amazonian languages, pp. 64-106. Cambridge: Cambridge University Press.
Blake, Barry J. (1994). Case. Cambridge: Cambridge University Press.
Bouquiaux, Luc; Thomas Jacqueline M. C. (1992). Studying and describing unwritten language. Dallas: SIL.
Butler, Nancy Evelyn. (2003). The multiple functions of the definite article in Terena. Série Linguística. SIL. Disponível em:
http://www-01.sil.org/americas/brasil/publcns/ling/TNArticl.pdf
Butler, Nancy Evelyn.; Ekdahl, Elizabeth Muriel (2012). Aprenda Terena, vol. 1. Versão Online em:
http://www-01.sil.org/americas/brasil/publcns/edu/AprTE-V1.pdf
Butler, Nancy Evelyn; Ekdahl, Elizabeth Muriel (2014). Aprenda Terena, vol. 2. Versão Online:
http://www-01.sil.org/americas/brasil/publcns/edu/AprTE-V1.pdf
Cardoso, Valéria F. (2012). Ergatividade, acusatividade e sistemas cindidos. In Edson Rosa (org.). Funcionalismo linguístico: Análise e descrição, pp. 225-247. São Paulo: Editora Contexto.
Comrie, Bernard (1981). Language universals and linguistic typology. Syntax and morphology. Chicago: Chicago University Press.
Comrie, Bernard; Smith, Norval (1977). Lingua descriptive series: questionaire. Lingua 42: 1-72.
Dixon, R. M. W. (1979). Ergativity. Language 55(1): 59-138.
Dixon, R. M. W. (1994). Ergativity. Cambridge: Cambridge University Press.
Matthewson, Lisa (2004). On the methodology of semantic fieldwork. International Journal of American Linguistics 70 (4): 369-415.
Mithun, Marianne (1991). Active/agentive case marking and its motivation. Language 67(3): 510-546.
Nascimento, Gardenia. B. N. (2012). Aspectos gramaticais da língua terena (Dissertação de mestrado). Belo Horizonte: UFMG.
Palmer, Frank R. (1994). Grammatical roles and relations. Cambridge: Cambridge University Press.
Rosa, André M. (2010). Aspectos morfológicos do Terena (Aruák) (Dissertação de mestrado). Três Lagoas, MT.: UFMS/CPTL.
Rosa, Andréa M.; Souza, Claudete C. (2011). O verbo em terena: morfemas flexionais. In Pedro Dercir Oliveira (org.). Estudos linguísticos: gramática variação, pp. 137-162. Campo Grande: Editora UFMS.
Rodrigues, Aryon D. (1994). Línguas brasileiras: para o conhecimento das línguas indígenas. São Paulo: Loyola.
Rodrigues, Aryon D. (2013). Línguas indígenas brasileiras. Brasília, DF: Laboratório de Línguas Indígenas da UnB. Disponível em: http://www.laliunb.com.br. Acesso em: 01 de setembro de 2016.
Samarin, William J. (1967). Field linguistics: A guide to linguistic field work. New York: Holt, Rinehart and Winston.
Seki, Lucy (1990). Kamaiurá (Tupi-Guaraní) as an active-stative language. In Doris L. Payne (ed.). Amazonian Linguistics: Studies in Lowland South American Languages, pp. 367-391. Austin, Texas: University of Texas Press.
Silva, Denise (2013). Estudo lexicográfico da língua terena: proposta de um dicionário bilíngue terena-português (Tese de doutorado): Araraquara: UNESP.
Souza, Ilda (2008). Koenukunoe emo ´u: a língua dos índios kinikinau (Tese de doutorado). Campinas: UNICAMP.
Zúñiga, Fernando (2006). Deixis and alignment. Inverse systems in indigenous languages of the Americas. Amsterdam, Philadelphia: John Benjamins.
A LIAMES: Línguas Indígenas Americanas utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.
Os artigos e demais trabalhos publicados na LIAMES: Línguas Indígenas Americanas, publicação de acesso aberto, passa a seguir os princípios da licença do Creative Commons. Uma nova publicação do mesmo texto, de iniciativa de seu autor ou de terceiros, fica sujeita à expressa menção da precedência de sua publicação neste periódico, citando-se a edição e a data desta publicação.