Resumo
O artigo analisa, comparativamente, quatro diferentes ortografias da língua Nheengatu, atualmente em uso nas comunidades falantes, na Amazônia, e em suas escolas. O trabalho aponta fragilidades e eventuais inconsistências de cada ortografia adotada nas aldeias, argumentando a favor da ideia de que nenhuma delas pode ser defendida como “melhor” ou mais justificada que as outras. A seguir, o texto informa com quais princípios e critérios foi estabelecida uma ortografia para ser utilizada em um projeto específico que envolve um importante recurso de comunicação e informação: os smartphones. O texto também aponta problemas pendentes nessa ortografia específica, incluindo as questões sociolinguísticas não levadas em conta nas ortografias hoje em uso pelos falantes; problemas e questões que devem ser levados em conta se, ou quando, a recém-criada Academia da Língua Nheengatu decidir-se por discutir a questão da unificação ortográfica.
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