Resumo
Este artigo objetiva analisar o afixo derivacional -j, ainda não descrito na literatura, que está presente na construção morfológica de alguns lexemas das línguas Jê Setentrionais. São examinados 17 conjuntos de cognatos em que algumas línguas apresentam -j no final da raiz, ao passo que outras línguas carecem de qualquer contraparte desse segmento. Constata-se que as ocorrências do elemento -j “não etimológico” são mais frequentes em derivações diminutivas, sendo provável que se trate de um afixo de baixa produtividade. Assim, apresento a hipótese de que o elemento *-j do Proto-Jê Setentrional tenha tido originalmente a função de um sufixo diminutivo, embora em alguns casos seu status morfológico possa ter se tornado opaco. É proposto, ainda, que o morfema em questão tenha entrado na protolíngua via empréstimo das línguas Tupi-Guarani.
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