Resumo
Em dezembro de 2009 o conselho consultivo do Iphan aprovou o tombamento do Centro Histórico de Iguape/SP, numa decisão que trouxe novidades importantes para a política de patrimônio no Estado de São Paulo. Algumas delas são o princípio essencial da interlocução e diálogo local, a inclusão do patrimônio natural como parte integrante dos bens edificados, a construção do estudo feita de modo indissociável da educação patrimonial e o entendimento dos vestígios materiais a partir dos processos históricos e de sua sobreposição espacial. Estas foram decisões metodológicas do estudo de tombamento que foi realizado pelas autoras do artigo como técnicas em patrimônio da Superintendência do Iphan em São Paulo. Tais decisões fundamentaram-se nas muitas transformações do patrimônio cultural como campo disciplinar postas desde a Constituição de 1988. O presente artigo tem por objetivo apresentar e problematizar o processo de patrimonialização do Centro Histórico de Iguape realizado pelo Iphan entre 2007 e 2009, momento em que a instituição renova seus quadros técnicos e busca novos parâmetros de atuação. Com foco nessa experiência de tombamento o trabalho apresenta de forma crítica os resultados de uma política de proteção ao patrimônio nacional.
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