Resumo
Uma alternativa construtiva vernacular dos grupos indígenas na região sul do Brasil baseava-se no enterramento da edificação com o provimento de cobertura leve. O presente estudo tem por objetivo avaliar o desempenho térmico de células-teste enterradas e semienterradas quando comparadas a uma célula controle térrea visando uma arquitetura bioclimática que utilize métodos passivos. O método é baseado na comparação das variações de temperatura medida no interior de células-teste quanto à temperatura externa e do solo medidos em Curitiba, PR, durante o período de inverno. As células testes foram confeccionadas em escala reduzida, todas com as mesmas dimensões e especificações de materiais. Para a avaliação de desempenho foram analisados a amplitude térmica, o atraso térmico, as diferenças de temperaturas e amplitudes de sensores superficiais e os índices de conforto de cada célula-teste. A análise de dados constatou que a célula-teste enterrada apresentou menor amplitude térmica e maior atraso térmico. No que tange à somatória dos graus-hora fora da faixa de temperatura de conforto, a célula-teste enterrada obteve o menor tempo em desconforto durante o período de inverno. Foi possível verificar também que quanto maior a área em contato com o solo, melhores as condições de conforto observadas.
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