Resumo
O panorama de acessibilidade em parques no Brasil revela uma realidade desafiadora e ainda pouco explorada. Apesar dos avanços na legislação e da conscientização crescente sobre a importância do acesso universal, existem obstáculos que impactam na acessibilidade desses espaços. Os parques urbanos são exemplos de locais que em muitas ocasiões não apresentam acessibilidade universal, dificultando o contato de pessoas com deficiência física e visual com a natureza e sociedade. Por esses motivos, o objetivo deste artigo é propor um método para medir o nível de acessibilidade em parques e aplicá-lo em um estudo de caso no Parque do Bicão, localizado em São Carlos-SP (Brasil). O método foi desenvolvido utilizando-se como indicadores de acessibilidade parâmetros das normas brasileiras NBR 9050 (2020) e NBR 16537 (2016), do Manual de Desenvolvimento Urbano Orientado ao Transporte Sustentável (DOTS) e do Manual sobre Turismo Acessível para todos. Os indicadores foram divididos em três categorias, dotadas de uma escala de avaliação: Acesso ao Parque, Mobilidade Interna e Usabilidade. Além disso, foram definidos 4 níveis crescentes de acessibilidade em parques urbanos: Nível D - Não acessível, Nível C – Percurso até o parque acessível, Nível B – Circulação acessível e Nível A – Uso acessível. A aplicação do método no Parque do Bicão indicou que o local não é acessível, demandando reformas e adaptações nas três categorias. Os resultados evidenciaram que o método facilita a identificação das áreas com maior necessidade de reformas, podendo ser utilizado, inclusive, para verificações a nível municipal dos parques com maior necessidade de adaptações.
Referências
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16537: acessibilidade – sinalização tátil no piso, diretrizes para a elaboração de projetos e instalações. Rio de Janeiro: ABNT, 2016.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2020.
BŁASZCZYK, M.; SUCHOCKA, M.; WOJNOWSKA-HECIAK, M.; MUSZYNSKA, M. Quality of urban parks in the perception of city residents with mobility difficulties. PeerJ, v. 8, e10570, 2020. DOI: http://doi.org/10.7717/peerj.10570.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. (Série Legislação Brasileira).
BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2015. Available from: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Accessed on: 24 Jan. 2025.
CARRILLO, M. J. M.; BOUJROUF, S. Turismo accesible para todos: evaluación del grado de accesibilidad universal de los parques y jardines de Marrakech. PASOS Revista de Turismo y Patrimonio Cultural, v. 18, n. 1, p. 57-81, 2020. DOI: http://doi.org/10.25145/j.pasos.2020.18.004.
CARVALHO, S. M. S. Acessibilidade do Turismo no Parque Nacional Serra da Capivara – PI. Revista Turismo em Análise, São Paulo, Brasil, v. 23, n. 2, p. 437-463, 2012. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.1984-4867.v23i2p437-463.
CHIKUTA, O.; DU PLESSIS, E.; SAAYMAN, M. Universal accessibility of national parks in South Africa and Zimbabwe: Park management perceptions. Tourism Planning & Development, v. 20, n. 3, p. 377-396, 2021. DOI: https://doi.org/10.1080/21568316.2021.1910556.
CUNHA, A. de A.; RODRIGUES, C. G. de O.; SANCHO-PIVOTO, A.; CASALS, F. R. A conexão com a natureza em parques urbanos brasileiros e sua contribuição para o bem-estar da população e para o desenvolvimento infantil. Sociedade & Natureza, v. 34, p. 1-12, 2022. DOI: https://doi.org/10.14393/SN-v34-2022-65411.
GÜNGÖR, S. A Research on accessibility of urban parks by disabled person: the case study of BirlikPark, Konya-Turkey. In: GÜNGÖR, S. Environmental sustainability and landscape management. Sofia: Kliment Ohridski University Press, 2016. p. 496-511. Available from: https://www.researchgate.net/publication/311087147. Accessed on: 24 Jan. 2025.
ITDP – INSTITUTE FOR TRANSPORTATION AND DEVELOPMENT POLICY. TOD Standard 3.0. New York: ITDP, 2017. Available from: https://itdp.org/library/standards-and-guides/tod3-0/. Accessed on: 24 Jan. 2025.
KLEIN, P.; GRIGOLETTI, G. de C. Acessibilidade espacial de deficientes físicos, visuais e idosos em parque público. PARC Pesquisa em Arquitetura e Construção, Campinas, SP, v. 12, p. e021016, 2021. DOI: https://doi.org/10.20396/parc.v12i00.8660648.
LARSON, L. R.; WHITING, J. W.; GREEN, G. T. Exploring the influence of outdoor recreation participation on pro-environmental behavior in a demographically diverse population. Local Environment, v. 16, n. 1, p. 67-86, 2011. DOI: https://doi.org/10.1080/13549839.2010.548373.
LIMA, A. B. L.; MELO, I. B. N.; GIMENES-MINASSE, M. H. S. G. Acessibilidade do Parque Natural Municipal Victório Siquierolli (Uberlândia/MG) para visitação de pessoas com deficiências física, auditiva e visual. Caderno Virtual de Turismo, Rio de Janeiro, v. 19, n. 3, p. 1-16, 2019. DOI: https://doi.org/10.18472/cvt.19n3.2019.1574.
OLIVEIRA, L. C. P.; OPPLIGER, E. A. Turismo de inclusão social: as condições de acessibilidade no Parque das Nações Indígenas, Campo Grande – MS (Brasil). Turismo & Sociedade, Curitiba, v. 10, n. 3, p. 1-22, 2017. DOI: https://doi.org/10.5380/tes.v10i3.54281.
PERRY, M.; COTES, L.; HORTON, B.; KUNAC, R.; SNELL, I.; TAYLOR, B.; WRIGHT, A.; DEVAN, H. “Enticing” but not necessarily a “space designed for me”: experiences of urban park use by older adults with disability. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 18, n. 2, p. 552, 2021. DOI: https://doi.org/10.3390/ijerph18020552.
PISKIN, B. A.; AKDENIZ, N. S. How Can People with Disabilities Use the Outdoors? An Assessment Within the Framework of Disability Standards. Social Indicators Research, v. 167, n. 1, p. 153-174, 2023. DOI: https://doi.org/10.1007/s11205-023-03102-z.
PROGRESSO E HABITAÇÃO (PROHAB). Parque do Bicão. São Carlos, SP: PROHAB, 2017. Available from: https://www.prohabsaocarlos.com.br/prohab/LivroBicao.pdf. Accessed on: 24 Jan. 2025.
SILVA, J. V. P.; TOSTA, Q. P.; OTTO, H. R.; BELLINCANTANTA, J. M.; LINS, A. C. S.; SAMPAIO, T. M. V. Parque Itanhangá e acessibilidade às pessoas com deficiência física e visual. LICERE – Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, Belo Horizonte, v. 16, n. 1, p. 1-27, 2013. DOI: https://doi.org/10.35699/1981-3171.2013.680.
SIU, K. W. M. Accessible park environments and facilities for the visually impaired. Facilities, v. 31, n. 13/14, p. 590-609, 2013. DOI: https://doi.org/10.1108/f-10-2011-0079.
TOYAMA, D.; MENEZES, D. B.; MENDONÇA, I. R.; CAPOIA, E. F.; FAGUNDES, J. G. Urban park and geoconservation: the case of Bicão Park, São Carlos – São Paulo, Brasil. Sociedade & Natureza, Uberlândia, v. 30, p. 255-276, 2018. DOI: https://doi.org/10.14393/SN-v30n1-2018-11.
UNWTO – UNITED NATIONS WORLD TOURISM ORGANIZATION. Manual sobre Turismo Accesible para Todos: Principios, herramientas y buenas prácticas – Módulo IV: indicadores para el estudio de la accesibilidad en el turismo. Madrid: UNWTO, 2015. Available from: https://www.e-unwto.org/doi/book/10.18111/9789284416547. Accessed on: 24 Jan. 2025.
WOJNOWSKA-HECIAK, M.; SUCHOCKA, M.; BŁASZCZYK, M.; MUSZYNSKA, M. Urban parks as perceived by city residents with mobility difficulties: a qualitative study with in-depth interviews. International Journal of Environmental Research and Public Health, Basel, v. 19, n. 4, p. 2018, 2022. DOI: https://doi.org/10.3390/ijerph19042018.
M. V. Parque Itanhangá e acessibilidade às pessoas com deficiência física e visual. LICERE – Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, Belo Horizonte, v. 16, n. 1, p. 1-27, 2013. DOI: https://doi.org/10.35699/1981-3171.2013.680.
SIU, K. W. M. Accessible park environments and facilities for the visually impaired. Facilities, v. 31, n. 13/14, p. 590-609, 2013. DOI: https://doi.org/10.1108/f-10-2011-0079.
TOYAMA, D.; MENEZES, D. B.; MENDONÇA, I. R.; CAPOIA, E. F.; FAGUNDES, J. G. Urban park and geoconservation: the case of Bicão Park, São Carlos – São Paulo, Brasil. Sociedade & Natureza, Uberlândia, v. 30, p. 255-276, 2018. DOI: https://doi.org/10.14393/SN-v30n1-2018-11.
UNWTO – UNITED NATIONS WORLD TOURISM ORGANIZATION. Manual sobre Turismo Accesible para Todos: Principios, herramientas y buenas prácticas – Módulo IV: indicadores para el estudio de la accesibilidad en el turismo. Madrid: UNWTO, 2015. Available from: https://www.e-unwto.org/doi/book/10.18111/9789284416547. Accessed on: 24 Jan. 2025.
WOJNOWSKA-HECIAK, M.; SUCHOCKA, M.; BŁASZCZYK, M.; MUSZYNSKA, M. Urban parks as perceived by city residents with mobility difficulties: a qualitative study with in-depth interviews. International Journal of Environmental Research and Public Health, Basel, v. 19, n. 4, p. 2018, 2022. DOI: https://doi.org/10.3390/ijerph19042018.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2025 PARC: Pesquisa em Arquitetura e Construção