Resumo
O artigo compartilha uma experiência pedagógica com o cinema junto à disciplina psicologia da educação, oferecida para alunos de licenciaturas na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foram analisados dois trabalhos audiovisuais feitos após a proposta de imaginação sobre como seria o filme O garoto selvagem, de François Truffaut, se o relatório de inspiração para o roteiro fosse do personagem Victor e não do Dr. Itard. Para tanto, dialogamos com as contribuições recentes do campo de cinema-educação, do ensino de psicologia na formação de professores e do cinema. Neste contexto, a possibilidade de realizarmos experiências inventivas com o cinema no curso de psicologia se apresentou como práticas estéticas e políticas alternativas ao modelo curricular historicamente dominante nessa disciplina, o que nos permitiu identificar alguns impactos desse tipo de exercício na formação de professores, tais como a superação de apropriações pedagogistas do cinema, a legitimidade da imaginação na construção do conhecimento e articulações interdisciplinares.
Referências
Banks-Leite, L., & Galvão, I. (Orgs.). (2001). A educação de um selvagem. As experiências pedagógicas de Jean Itard São Paulo: Cortez.
Barbosa, A. M. (2012). A imagem no ensino da Arte São Paulo: Perspectiva.
Bergala, A. (2008). A Hipótese-Cinema: pequeno tratado de transmissão do cinema dentro e fora da escola Rio de Janeiro: Booklink; CINEAD-LISE-FE/UFRJ.
Checchia, A. K. A. (2015). Contribuições da Psicologia para a formação de professores: um estudo sobre a disciplina Psicologia da Educação nas licenciaturas Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo.
Cohn, G. (2013). O ensino contemporâneo da arte e a hipótese de Bergala: diálogos e convergências. Pro-Posições, 24(1), 179-199.
Comolli, J. L. (2008). Ver e poder. Cinema, televisão, ficção, documentário Belo Horizonte: UFMG.
Cordeiro, A. (2006). Relações entre educação, aprendizagem e desenvolvimento humano: as contribuições de Jean Marc-Gaspard Itard (1774-1838) Tese de Doutorado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.
Costa, L., & Machado, C. (2016). Ensino de Psicologia na formação de professores. Uma aproximação com diálogos possíveis. Pro-Posições, 27(2), 221-234.
Duarte, R. (2009). Cinema e educação Belo Horizonte: Autêntica.
Duarte Júnior, J. F. (1988). Fundamentos estéticos da Educação (5. ed.). Campinas: Papirus.
Fresquet, A. (2013). Cinema e educação: reflexões e experiências com estudantes de educação básica, dentro e “fora” da escola. Rio de Janeiro: Autêntica.
Gonçalves, O. (2014). Introdução. In Narrativas sensoriais. Ensaio sobre cinema e arte contemporânea (pp. 9-26). Rio de Janeiro: Circuito.
Guimarães, C. (2008). Cinema de Cozinha São Paulo: Sesc São Paulo; Sesc Vila Mariana. Disponível em: http://www.caoguimaraes.com/wordpress/wp-content/uploads/2012/12/cinema-de-cozinha.pdf
Harayama, R., Souza, M. P., Viégas, L. (2015). Apontamentos críticos sobre estigma e medicalização à luz da psicologia e da antropologia. Ciência & Saúde Coletiva, 20, 2683-2692.
Itard, J. (2001). Relatório feito a Sua Excelência o Ministro do Interior sobre os novos desenvolvimentos e o estado atual do Selvagem do Aveyron, 1806. In L. Banks-Leite, & I. Galvão (Orgs.), A educação de um selvagem. As experiências pedagógicas de Jean Itard (pp. 181-229). São Paulo: Cortez.
Kastrup, V. (2005). Políticas cognitivas na formação do professor e o problema do devir mestre. Educação e Sociedade, 26(93), 1273-1288.
Kastrup, V. (2007). A Invenção de si e do mundo: uma introdução do tempo e do coletivo no estudo da cognição Belo Horizonte: Autêntica.
Kupfer, M. C. M. (1997). O que toca à/a Psicologia Escolar. In A. M. Machado, & M. P. R. Souza (Orgs.), Psicologia escolar: em busca de novos rumos (pp. 55-65). São Paulo: Casa do Psicólogo.
Lajonquière, L. (2001). Itard Victor! Ou do que não deve ser feito na educação das crianças. In L. Banks-Leite, & I. Galvão (Orgs.), A educação de um selvagem. As experiências pedagógicas de Jean Itard (pp. 105-116). São Paulo: Cortez, 2001.
Leandro, A. (2001). Da imagem pedagógica à pedagogia da imagem. Comunicação e Educação, (21), 29-36.
Machado, A. (2003). O filme-ensaio. Concinnitas, 4(5), 63-75.
Mayor, A. L., & Miranda, C. (2015). Fronteiras do imaginário: cinema-poesia nas escolas de educação básica. In A. Fresquet (Org.), Cinema e Educação: a Lei 13.006 (pp. 132-139). Belo Horizonte: Universo Produções.
Oliveira Júnior, W. M. (2015). Uma educação e um cinema no terreno? O especial e as imagens verdadeiras em Fernand Deligny e Cao Guimarães. In A. Fresquet (Org.), Cinema e Educação: a Lei 13.006 (pp. 120-131). Belo Horizonte: Universo Produções.
Parente, A. (2009). A forma cinema: variações e rupturas. In K. Maciel (Org.), Transcinemas Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria.
Patto, M. H. S. (1984). Psicologia e ideologia São Paulo: T.A. Queiroz Editor.
Patto, M. H. S. (1999). A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia (4a ed.). São Paulo: Casa do Psicólogo.
Rancière, J. (2009). A partilha do sensível: estética e política São Paulo: EXO experimental org; Ed. 34.
Truffaut, F. (Diretor). (1969). O garoto selvagem [Filme]. França.
Vigotski, L. (2012). Imaginación y creación en la edad infantil Lanús Oeste: Nuestra América.
Viveiros de Castro, E. (2011). O medo dos outros. Revista de Antropologia, 54(2), 885-917.
Xavier, I. (2008). Um cinema que “Educa” é um cinema que nos faz pensar. Educação e Realidade, 33(1), 13-20.
Xavier, I. (2012). O discurso cinematográfico: entre a opacidade e a transparência São Paulo: Paz e Terra.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2021 Fernanda Omelczuk Walter