Resumo
Identifica-se uma carência na produção científica sobre a formação dos(as) trabalhadores(as)da saúde para atuar com pessoas transgênero, transexuais e travestis, população que enfrenta barreiras como discriminação, desrespeito ao nome social e dependência ao diagnóstico de transexualismo para acessar o Sistema Único de Saúde (SUS). Este artigo, a partir da categoria enação de Francisco, Varela, analisa 25 entrevistas gravadas em áudio, produzidas por duas pesquisas qualitativas, e conclui que somente processos de formação não limitados à transmissão de informações possibilitarão a criação de um processo de trabalho em saúde que afirme o acesso da população trans aos serviços de saúde de forma integral, equânime e universal.
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