Resumo
O artigo analisa as diferentes práticas de desenho no processo de escolarização de saberes geométricos presentes nos manuais escolares do século XIX e discute as diferenças entre os manuais traduzidos e a produção brasileira. A pergunta que norteia a análise é: como as práticas de desenho participam do processo de escolarização dos saberes geométricos? Os manuais revelam a presença de duas abordagens distintas para a escolarização de saberes geométricos: o desenho à mão livre e o desenho geométrico, com instrumentos. Apesar de as traduções de manuais estrangeiros propagarem marcas do método intuitivo, em que o desenho à mão livre escolariza os saberes geométricos, tal proposta não prevalece nas produções brasileiras, que se caracterizam pelo desenho geométrico de figuras previamente definidas, de modo que os saberes geométricos sustentam a prática do desenho.
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