Resumo
Neste artigo, com base em minha experiência de tradutor do escritor francês Maurice Blanchot, proponho algumas reflexões sobre a tradução enquanto ato ético, entendendo por ato ético o respeito pela diferença da língua do outro estrangeiro, o que significa não aclimatá-la à língua do tradutor, mas sim deixá-la abrir novos espaços sintáticos e semânticos em minha própria língua. Nesse percurso, além da análise da tradução de fragmentos escolhidos da narrativa L’attente l’oubli, de Blanchot, pretendo dialogar com três ideias essenciais, a meu ver, ao ato tradutório: a primeira, a ideia de Jacques Lacan sobre a letra como materialidade do significante; a segunda, a ideia de Antoine Berman sobre a ética na tradução; e, a terceira, a ideia do próprio Blanchot sobre a tradução enquanto diferença.
Referências
BENJAMIN, Walter. A tarefa do tradutor. In: Escritos sobre mito e linguagem. Trad. Susana Kampff Lages e Ernani Chaves. São Paulo: Duas Cidades, Editora 34, 2013, pp. 101-119.
BERMAN, Antoine. A tradução e a letra ou o albergue do longínquo. Trad. Marie-Hélène Catherine Torres, Mauri Furlan, Andréia Guerini. Rio de Janeiro: 7Letras/PGET, 2007.
BLANCHOT, Maurice. L’attente l’oubli. Paris: Gallimard, 1962.
BLANCHOT, Maurice. Traduire. In: L’amitié. Paris: Gallimard, 1971, pp. 69-73.
BLANCHOT, Maurice. A parte do fogo. Trad. Ana Maria Scherer. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.
BLANCHOT, Maurice. A conversa infinita. Tomo I. Trad. Aurélio Guerra Neto. São Paulo: Escuta, 2010a.
BLANCHOT, Maurice. A conversa infinita. Tomo III. Trad. João Moura Jr. São Paulo: Escuta, 2010b.
CAMPOS, Haroldo de. Deus e o diabo no Fausto de Goethe: marginália fáustica: (leitura do poema, acompanhada da transcriação em português das duas cenas finais da segunda parte). São Paulo: Perspectiva, 2008.
DERRIDA, Jacques. Parages. Paris: Galilée, 2003.
FERREIRA, Nadiá Paulo. Jacques Lacan: apropriação e subversão da linguística. Ágora, v. 5, n. 1, 2002, pp. 113-132.
FREUD, Sigmund. Luto e melancolia. Trad. Marilene Carone. São Paulo: Cosac Naify, 2011.
FREUD, Sigmund. Totem e tabu, contribuição à história do movimento psicanalítico e outros textos (1912-1914). Obras completas, v. 11. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
FREUD, Sigmund. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, análise fragmentária de uma histeria (“O caso Dora”) e outros textos (1901-1905). Obras completas, v. 6. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
LACAN, Jacques. A instância da letra no inconsciente ou a razão desde Freud. In: Escritos. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1998, pp. 496-533.
LACAN, Jacques. Prefácio à edição inglesa do Seminário 11. In: Outros escritos. Trad. Vera Ribeiro; versão final Angelina Harari e Marcus André; preparação de texto André Telles. Rio de Janeiro: Zahar, 2003, pp. 567-569.
LACAN, Jacques. Seminário, livro 7: a ética da psicanálise (1959-1960). Trad. Antônio Quinet. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
LEVINAS, Emmanuel. Le temps et l’autre. Paris: Fata Morgana, 2011.
PIMENTEL, Davi Andrade. O tradutor-leitor de Maurice Blanchot. Cadernos de Tradução, v. 37, n. 3, set-dez 2017, pp. 53-70.
RICOEUR, Paul. Sobre a tradução. Trad. Patrícia Lavelle. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Copyright (c) 2022 Davi Andrade Pimentel