Joseph Reményi e a literatura socialista mundial: mudando a literatura menor, pequena e mundial do singular para o plural

Resumo

Os conceitos do estudioso húngaro-americano Joseph Reményi de “literatura minoritária”, “literatura de pequena nação” e “literaturas mundiais” destacam a mudança das formas singulares da “literatura menor” de Deleuze e Guattari, da “pequena literatura” de Pascale Casanova e de Marx e Engels e a “literatura mundial” de Karl Radek às suas contrapartes plurais. No discurso sobre “literatura menor” e “literatura pequena”, Reményi oferece uma categorização matizada da produção literária húngara após a Primeira Guerra Mundial. Ele a delineia em três vertentes distintas: “literatura na Hungria”, “literatura dos exilados húngaros” e “literatura húngara nos Estados Sucessores”. Esta classificação tripartida não só engloba os variados locais da expressão literária húngara, mas também sublinha a emergente dicotomia literária entre as literaturas húngara, eslava e soviética no período posterior ao da Segunda Guerra Mundial. Quanto à “literatura mundial”, o quadro conceptual de Reményi, que gira nos eixos do “regionalismo” e do “internacionalismo”, segmenta a literatura mundial em quatro camadas estratificadas: minoritária e marginal → local → nacional → mundial. Esse modelo teórico facilita um reposicionamento das diversidades intrínsecas inerentes a cada estrato, mapeando-as num espectro de diversas nações, grupos culturais e populações minoritárias. Além disso, o conceito de “literaturas mundiais” de Reményi representa uma mudança da noção singular de “eine allemeine Weltliteratur” de Geothe, de “eine Weltliteratur” de Marx e Engels e de “literatura mundial contemporânea” de Radek para uma compreensão pluralizada. Para a “literatura socialista”, a categorização da literatura húngara feita por Reményi dentro da tradição da Europa Ocidental, em oposição à literatura da Europa Oriental, representa a natureza multifacetada da literatura socialista. Tal conceito, inicialmente introduzido por Marx e Engels em 1848, posteriormente elaborado por Radek em 1934, é finalmente expandido por Reményi para uma forma mais pluralista para as literaturas socialistas em 1956. A fusão do conceito de Reményi de “literaturas mundiais” e “literaturas socialistas” forneceu uma porta de entrada para a construção da Literatura Socialista Mundial.