Abstract
Sem resumoReferences
Ver neste número o artigo de Lily Litvah, Arte Anarquista Espanhola de Fins do Século XIX.
Maria Lacerda de Moura: "A Literatura Rebelde". O Internacional, v (79): 11.10.1924.
Cf. Mário de Andrade: O Movimento Modernista. Rio, Casa do Estudante do Brasil (1942) e Oswald de Andrade: "O Modernismo". Anhembi, 49 (17): 26-32, dez. 1954
Domingos Ribeiro Filho: "O Espantalho da Loucura". A Plebe, II (9): 19.04.1919.
Ver Monteiro Lobato: A Barca de Gleyre (Quarenta anos de correspondência literária entre Monteiro Lobato e Godofredo Rangell. São Paulo, Nacional (1944), pp. 7-333, a que remetemos todas as referências relativas à passagem de Ricardo Gonçalves peta república de Minarete.
Idem, ibidem, p. 80.
Idem, ibidem, p. 89.
Idem, ibidem, p. 151.
Lobato parecia adivinhar: "Há um defeito qualquer dentro do Ricardo, e temo que não se limite a falhar burocraticamente... temo que falhe às trágicas” (Barca de Gleyre, cit., p. 164).
O episódio do manifesto é registrado por Edgar Rodrigues em Socialismo: uma Visão Alfabética. Rio, Editora Porta Aberta Ltda. (s/d), p. 245. O informe sobre a conversão de Edgard Leuenroth por Ricardo Gonçalves está no livro de John W. Foster Dulles: Anarquistas e Comunistas no Brasil. Rio, Nova Fronteira, (1913), pp. 25-26.
A informação é do historiador Edgar Rodrigues em entrevista que concedeu a mim e ao colega Francisco Foot Hardman para a secção “Primeira Leitura” do jornal Folha de S. Paulo em sua edição de 27 de outubro de 1984.
Apud Jacob Penteado: Martins Fontes, Uma Alma Livre. São Paulo, Martins (1968), p. 176, citado em nota por Francisco Foot Hardman: Nem pátria nem patrão. São Paulo, Brasiliense (1983), p. 145.
Reproduzimos o poema na versão em que foi cologido por Edgard Leuenroth: A Poesia Social na Literatura Brasileira (inédito):
REBELIÃO
Com gemidos agourentos,
Num pavoroso lamento,
Lá fora perspassa o vento
Chicoteando os pinheiros.
E a noite, caliginosa,
De uma tristeza superna,
É como a boca monstruosa
Da monstruosa caverna.
Chove. O arvoredo farfalha
Soturno o trovão ribomba
Como longinqua metralha;
Depois o silêncio tomba.
Pávido e trêmulo, escuto,
Mergulho a vista lá fora
E vejo a terra de luto,
E oiço uma voz que apavora.
Como um vago murmúrio,
Mansa a princípio ela ecoa,
Depois é um grito bravio
Que pela noite reboa,
Que pela a noite se eleva
Num pavoroso tranporte,
Como um soluço de treva,
Como um frêmito de morte.
Essa voz cheia de ameaças,
De imprecações rugidos,
É o clamor das populações,
É a voz dos desprotegidos.
Medonha, relutante e rouca,
Vem d'esse mundo sombrio
Dos que tiritam de frio
E não têm pão para a boca.
Vem das lôbregas choupanas
Onde em tarimbas sem nome
Há criaturas humanas
Agonizando com fome.
Vem da cloaca deletéria, Em que a "Justiça" comprime
Esses que a mão da miséria
Pós no caminho do crime
Do quartel – açougue enorme
Onde à espera da batalha,
Morta de fadiga, dorme
A carne para metralha.
Dos hospitais, dos hospícios,
Das tascas onde ressona
A grei de todos os vícios
Que a miséria proporciona.
Ah! Nesse grtio funesto,
Nesse rugido, palpista
Um rancoroso protesto.
É o povo, a plebe maldita
Que sombria, ameaçadora,
Nas vascas do sofrimento,
Mistura aos vivos do vento
A grande voz vingadora.
Tremei, vampiros nojentos”
Tremei, nos vossos dourados
Palacetes opulentos”
O sangue dos desgraçados
Sugai, bebei gotas-a-gota.
Não tarda que chegue o instante
Em que a turba se levante,
Sedenta, faminta e rota.
E quando comece a luta,
Quando explodir a tormenta,
A sociedade corrupta,
Execrável e violenta,
Iníqua, vil, criminosa,
Há de cair aos pedaços,
Há de voar em estilhaços
Numa ruína espantosa.
Cf. A Barca de Gleyre, cit., p. 333
Monteiro Lobato: Prefácios e Entrevistas. São Paulo, Brasiliense (1946), p. 9.
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