Banner Portal
Literatura e meio ambiente
PDF

Palavras-chave

Ecocrítica
Literaturas Africanas
Literatura Guineense
Meio ambiente

Como Citar

AUGUSTO CÁ, Ianes. Literatura e meio ambiente: uma perspectiva ecopoética (poesia-terra) em voltar ao poilão de Tony Tcheka. Remate de Males, Campinas, SP, v. 42, n. 2, p. 285–312, 2022. DOI: 10.20396/remate.v42i2.8669997. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/remate/article/view/8669997. Acesso em: 26 abr. 2024.

Dados de financiamento

Resumo

O uso inconsciente dos recursos naturais está levando o mundo à beira do abismo, com a crescente destruição das florestas naturais; a diminuição drástica das reservas de combustível fóssil; a contaminação do meio ambiente; as alterações climáticas e os desastres ambientais que já estão acontecendo e atormentam o mundo, ameaçando sobrevivência das espécies e – consequentemente, causando a destruição do ecossistema e da possibilidade de modos sustentáveis de relação do homem com a natureza. Partindo dessa constatação, a ecocrítica se constitui como movimento mundial emergente contra atitude antropocêntrica em relação à natureza, potencializada pela ascensão capitalista. Nesse contexto, este estudo tem como propósito rastrear os debates em torno da literatura e do meio ambiente nas literaturas africanas, e como a consciência ecológica aparece nos textos literários dos seus escritores. De modo específico, busca-se compreender como a ecopoética (Terra-poesia) constitui um elemento estruturante do eu-poético nos dois poemas intitulados “Voltar ao poilão”, I e II, da obra Desesperança no chão de medo e dor, de Tony Tcheka (2015) – nos quais se manifestam a experiência e o entrelaçamento entre os humanos e os não-humanos, considerando que floresta, fauna e flora – o “mundo natural” – se constituem como uma ampla rede de inter-relações intrínsecas à própria existência humana. A reflexão parte de uma perspectiva interdisciplinar, por meio da abordagem dos estudos da ecocrítica e dos estudos pós-coloniais como posicionamento político e ético, pautados nas relações econômicas, culturais e ecológicas que problematizam as práticas hegemônicas e as novas formas de domínio de subalternização e de exploração.

https://doi.org/10.20396/remate.v42i2.8669997
PDF

Referências

ACHEBE, Chinua. O mundo se despedaça. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

AGUESSY, Honorat. Visões e percepções tradicionais. In: Introdução à cultura africana. Lisboa: Edições 70, 1980, pp. 95-136.

ALMEIDA, Maria do Socorro Pereira de. Literatura e meio ambiente: Vidas secas, de Graciliano Ramos e Bichos, de Miguel Torga numa perspectiva ecocrítica. Dissertação (Mestrado em Literatura e Interculturalidade) – Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Campina Grande, 2008.

ALMEIDA, Maria do Socorro Pereira de. Interfaces da natureza em Grande Sertão: Veredas – um olhar ecocrítico. Tese (Doutorado em Letras) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2014.

AUGEL, Moema Parente. O desafio do escombro: Nação, Identidades e Pós-colonialismo na literatura da Guiné-Bissau. Rio de Janeiro: Ed. Garamond, 2007.

BARBOSA, Octávio C. Gomes. Breve notícia dos caracteres étnicos dos indígenas da tribo Biafada. BCGP, Bissau, v. 1, n. 2, p. 235, 1946.

BHABHA, Homi Kharshedji. O local da cultura. Trad. Miriam Avila; Eliana Lourenco de Lima Reis; Glaucia Renate Goncalves. 3. reimp. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2005.

BONNICI, Thomas. O pós-colonialismo e a literatura: estratégias de leitura. Editora da Universidade Estadual de Maringá-Eduem, 2012.

BRUGIONI, Elena. Literaturas africanas comparadas: paradigmas críticos e representações em contraponto. Campinas: Editora da Unicamp, 2019.

BRUGIONI, Elena. Um mundo em destroços. Ruínas, restos e escrita de si em narrativas escritas e visuais do Oceano Índico. Via Atlântica, n. 40, 2021, pp. 297-332.

BRYANT, Bunyan. Introduction. In: Environmental Justice: Issues, Policies, and Solutions. Washington DC: Island Press, 1995, 1-7. (Print)

COLETIVO DE PESQUISA de Warwick. Desenvolvimento combinado e desigual: por uma nova teoria da literatura-mundial. Trad. Gabriela Beduschi Zanfelice. Introdução à edição brasileira: Elena Brugioni, Alfredo Cesar Melo, Paulo de Medeiros. Campinas: Editora Unicamp, 2020.

COSTA, Sérgio. Desprovincializando a sociologia: a contribuição pós-colonial. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 21, 2006, pp. 117-134.

COUTO, Mia. Terra sonâmbula. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

DAVIS, Mike. Planeta favela. São Paulo: Boitempo, 2006.

DUTRA, Robson. A exteriorização do olhar. In: TCHEKA, Tony. Desesperança no chão de medo e dor: poesia. Bissau: Corubal, 2015.

FANON, Frantz. Os condenados da terra. Trad. José Lourênio de Melo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.

FIUZA, António Montenegro. Poilão e cassangas. O Imparcial [on-line], Presidente Prudente, [s.p.], 14 abr. 2021. Disponível em: https://www.imparcial.com.br/noticias/poilao-e-cassangas,42961. Acesso em: 30 abr. 2021.

GLOTFELTY, Cheryll; FROMM, Harold. The Ecocriticism Reader: Landmarks in Literary Ecology. Georgia: University of Georgia Press, 1996.

GORDIMER, Nadine. The Conservationist. New York: Penguin, 1974.

GORDIMER, Nadine. De volta à vida. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

HAMPATÉ BÂ, Hamadou. A tradição viva. In: KI-ZERBO, Joseph. (coord.). História geral da África I. Metodologia e pré-história da África. Trad. Beatriz Turquetti et al. São Paulo/Paris: Ática/Unesco, 1982.

JESUS, Bernardo Gomes de. Manjacos da Guiné-Bissau: sobre discursos, cultura, saberes e tradições no período colonial e pós-colonial. Monografia. Licenciatura em História – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2018.

MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. Arte & Ensaios, Revista do PPGAV/EBA/UFRJ, n. 32, 2016, pp. 122-151.

MURARO, Andrea Cristina. As prendisajens poéticas em Ondjaki: dimensões da metáfora xão. Dissertação (Mestrado em Literatura e Crítica Literária) – Pontifícia Universidade Católica – PUC/SP. São Paulo, 2006.

NHAGA, António. Guiné-Bissau. O Parque de Cantanhez é uma biblioteca ecológica para o futuro. Diário de Notícias. [on-line]. 31 de outubro de 2021. Disponível em: https://www.dn.pt/sociedade/guine-bissau-o-parque-de-cantanhez-e-uma-biblioteca-ecologia-para-o-futuro-14270082.html. Acesso em: 12 mar. 2022.

NIXON, Rob. Slow Violence and the Environmentalism of the Poor. Cambridge: Harvard University Press, 2011.

PINTO, Francisco Neto Pereira; MAGALHÃES, Hilda Gomes Dutra. Os tempos das piracemas: diálogo entre Ecocrítica e Pós-Colonialismo. Revista Soletras, n. 31, 2016, pp. 151-169.

RUECKERT, William. Into and Out of the Void: Two Essays. The Iowa Review, 1978, pp. 62-86.

SAID, Edward W. Culture and Imperialism. New York: Vintage, 1994.

SILA, Abdulai. Eterna paixão. Bissau: Ku Si Mon Editora, 1994.

SPIVAK, Gayatri Chakravorty. A critique of Postcolonial Reason: Toward a History of the Vanishing Present. Cambridge: Harvard University Press, 1999.

TCHEKA, Tony. Desesperança no chão de medo e dor: poesia. Bissau: Corubal, 2015.

YOUNG, Robert J. C. Ideologies of the Postcolonial. Interventions: International Journal of Postcolonial Studies, v.1, 1998, pp. 4-8.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.

Copyright (c) 2022 Licença Creative Commons

Downloads

Não há dados estatísticos.