Resumo
Apresentamos uma leitura do conto The Machine Stops, de E.M.Forster, publicado em 1909. Na descrição de um mundo governado pela máquina, Forster expõe sua crítica a certas tendências do século que começava: o isolamento do indivíduo, o esfacelamento das relações humanas, o crescente desenvolvimento tecnológico e industrial, a crença desmedida no progresso, o distanciamento do homem em relação à natureza, a repressão da faculdade instintiva, o enrijecimento das convenções sociais e a consciência de classe. Em nossa análise, privilegiamos a relação entre os gêneros literários da utopia e da ficção científica, a partir de estudiosos que retomam e, por vezes, fazem uma revisão crítica dos estudos pioneiros de Darko Suvin, publicados durante a década de setenta. O conto de Forster também nos possibilita investigar a crise de certos paradigmas da tradição utópica – como a tensão entre liberdade individual e o controle do Estado -, por ser um dos textos fundadores da literatura distópica que, ao longo de todo o século XX, terá uma enorme difusão. Nesse sentido, nosso estudo também busca compreender a complexa relação entre as noções de utopia e distopia, a partir da distinção conceitual elaborada por Berriel.
Referências
ABENSOUR, Miguel. O Novo Espírito Utópico. Campinas: Edunicamp, 1990.
ARDIS, Ann. “Hellenism and the Lure of Italy” In: BRADSHAW, David (ed.). The Cambridge Companion to E. M. Forster. Cambridge: Cambridge University Press, 2007.
BERRIEL, Carlos Eduardo Ornelas. “A Utopia como Gênero, ou as Possibilidades de uma Tipologia Utópica” In: VIII Simposio Internacional de Comunicación Social, 2003, Santiago, Cuba.
BERRIEL, Carlos Eduardo Ornelas. “Utopie, dystopie et histoire”. Morus – Utopia e Renascimento, nº 3. Campinas: Gráfica Central da Unicamp, 2006.
CSICSERY-RONAY JR., Istvan. “Science Fiction/Criticism” In: SEED, David (ed.). A Companion to Science Fiction. Oxford: Blackwell Publishing Ltd., 2005.
FORSTER, E. M. Howards End. Trad. Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Ediouro, 1993.
FORSTER, E. M. The Machine Stops. Disponível em: http://www.feedbooks.com.
FORSTER, E. M.“What I Believe” (1938). Disponível em: http://www.skeptic.ca/EM_Forster_ What_I_Believe.htm.
GODFREY, Denis. E. M. Forster’s Other Kingdom. New York: Barnes & Noble, Inc., 1968.
HEAD, Dominic. “Forster and the Short Story” In: BRADSHAW, David (ed.). The Cambridge Companion to E. M. Forster. Cambridge: Cambridge University Press, 2007.
MEDALIE, David. E. M. Forster’s Modernism. Palgrave MacMillan, 2002.
MORE, Thomas. Utopia. Trad. Jefferson Luiz Camargo e Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
MOYLAN, Tom. “ ‘Look into the Dark’: On Dystopia and the Novum” In: PARRINDER, Patrick (ed.). Learning from Other Words – Estrangement, Cognition and the Politics of Science Fiction and Utopia. Liverpool: Liverpool University Press, 2000.
PLATÃO. A República. Trad. Leonel Vallandro. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000.
PLATÃO. A Repubblica. Trad. R. Radice. In: REALE, Giovanni (ed.). Platone – Tutti gli scritti. Milano: R.C.S Libri, 2005.
ROSE, Martial. E. M. Forster. London: Evans Brothers Ltd., 1970.
STEVENSON, Randall. “Forster and Modernism” In: BRADSHAW, David (ed.). The Cambridge Companion to E. M. Forster. Cambridge: Cambridge University Press, 2007.
SUMMERS, Claude J. E. M. Forster. New York: Frederick Ungar Publishing Co., Inc., 1983.
SUVIN, Darko. Le metamorfosi della fantascienza. Bologna: Il Mulino, 1985.
SUVIN, Darko. Positions and Presuppositions in Science Fiction. Kent: Kent University Press, 1988.
O periódico Remate de Males utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.