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Historia magistra vitae e sua (des)continuidade em Pinheiro Chagas
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Palavras-chave

Pinheiro Chagas
Historia magistra vitae
Retórica

Como Citar

FELIPE, Cleber Vinicius do Amaral. Historia magistra vitae e sua (des)continuidade em Pinheiro Chagas. Remate de Males, Campinas, SP, v. 41, n. 2, p. 449–466, 2021. DOI: 10.20396/remate.v41i2.8663464. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/remate/article/view/8663464. Acesso em: 20 abr. 2024.

Resumo

O topos historia magistra vitae, sistematizado por Cícero para afirmar o caráter exemplar e moral da história, foi apropriado por cronistas, historiadores e romancistas portugueses ao longo dos séculos XV-XIX. No Oitocentos, em particular, lugares-comuns recorrentes antigos e modernos foram associados a artifícios românticos (expressivos, psicológicos, científicos, patrióticos etc.) e circularam sobejamente nas letras portuguesas. O antagonismo entre historiadores e literatos não deve ofuscar as tópicas compartilhadas, os diálogos travados e os projetos comuns, especialmente aqueles com apelo nacional. Pretende-se avaliar de que maneira a historiografia portuguesa do século XIX retomou preceitos outrora constituintes e definidores da historia magistra vitae, conferindo especial atenção aos escritos de Pinheiro Chagas. Por meio desse trabalho, notamos dois movimentos simultâneos em se tratando da historiografia portuguesa oitocentista: a perseverança de aspectos epistêmicos, normativos e pedagógicos, outrora reunidos na concepção de história exemplar, e a descontinuidade do topos, tão perceptível quanto maior for nosso interesse em historicizar o passado.

https://doi.org/10.20396/remate.v41i2.8663464
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