Resumo
Este artigo tem por objetivo propor um debate sobre as possíveis leituras das cidades contemporâneas, em particular, o modo como se estruturam as críticas às gigantescas metrópoles, as megalópoles. A capital paulista foi o ponto de partida que ensejou uma reflexão sobre a persistência de noções do campo conceitual do urbanismo formuladas no decorrer do século XIX e início do século XX. Nos dias atuais merecem a atenção da mídia televisiva e escrita os congestionamentos quilométricos e a violência em várias formas, projetos de revitalização de áreas frente a resistência de moradores e parte dos profissionais da área de arquitetura e urbanismo, a ocupação de áreas de risco e de proteção ambiental. Destaca-se a heterogeneidade dos bairros, a polarização que segrega a população pobre nas zonas das margens do território urbanizado, as denominadas periféricas, e nos enclaves de favelas e cortiços intraurbanos, a fragmentação estilística da arquitetura, a ausência de marcos simbólicos dotados de significado coletivo. Nossa intenção foi acompanhar os caminhos de algumas propostas e execução de intervenções em cidades europeias e nelas surpreender as noções que em sua formação receberam aportes da medicina e da engenharia, mas também dos filantropos, filósofos e até de biólogos, como Patrick Geddes, e expor a rede transdisciplinar que constituiu o campo do urbanismo. E mais, sugerir sua permanência ainda nos dias de hoje.Referências
ARENAS, Luis. Fantasmas de la vida moderna. Ampliaciones y quiebras del sujeto en ciudad contemporánea Madri: Editorial Trotta. 2011.
ARGAN, Giulio Carlo. História da arte como história da cidade. São Paulo: Martins Fontes. 1993.
BAUMEISTER, Reinhard. L’espansione urbana nei suoi aspetti tecnici, legislative ed economici, berlim (1876). In Piccinato, Giorgio. La costruzione dell’urbanistica. Germania 1871-1914. Roma: Officina Edizioni. p. 187-256. 1974.
BEGUIN, François. As maquinarias inglesas do conforto. Espaços e Debates. São Paulo, n. 34, p. 39-54.1991.
BENTHAM, Jeremy. Panopticon; or The Inspection-House. In: Bozovic, Miran (Ed.). The Panopticon Writings. Londres/Nova York: Verso. p. 29-95. 1995 [ed. original de 1787].
BEYLER, Jean-Noël. L’Architecture au 19e siècle. Beaux Arts Magazine, Paris, Publications Nuit et jours. 1992.
BLAIS, Marie-Claude. La solidarité. Histoire d’une idée. Paris: Gallimard. 2007.
BOYER, Christine. The City of Collective Memory. Its Historical Imagery and Architectural Entertainments. Cambridge/Massachusetts/Londres: MIT Press. 1966.
BRESCIANI, Maria Stella. Cidade e território: os desafios da contemporaneidade numa perspectiva Histórica. In: Pontual, Virginia e Loretto; Piccolo, Rosane (Org.). Cidade, Território e Urbanismo. Um campo conceitual em construção. Recife: CECI. p. 119-140. 2009.
BRESCIANI, Maria Stella. Londres e Paris no século XIX: espetáculo da pobreza. São Paulo: Brasiliense. 1982.
BUSQUETS, Joan. Barcelona: la construcción de uma ciudad compacta. Barcelona: Serbal. 2004.
CALABI, Donatella. Storia dell’urbanistica europea. Questioni, strumenti, casi esemplari, Turim: Paravia Bruno Mondadori Editori. 2000.
CALABI, Donatella. Marcel Poëte et le Paris des années vingt : aux origines de l’histoire de villes, Paris-Canada : L’Harmanttan, 1997.
CARS, Jean des; Pinon, Pierre. Paris-Haussmann. Paris: Éditions Du Pavillon de l’Arsenal/Picard Éditeur. 1991.
CERDA, Ildefonso. La théorie générale de l’Urbanisation. Paris: Seuil. 1979.
CHADYCH, Danielle; Leborgne, Dominique. Atlas de Paris. Evolution d’un paysage urbain, Paris: Parigramme. 1999.
CHAMBELLAND, Colette (Org.) Le Musée social en son temps. Paris: Presses de l’École Normale Supérieure. 1998.
CHEVALIER, Jacques (Org.) La Solidarité, un sentiment républicain? Paris: PUF. 1992.
CHOAY, Françoise. O Urbanismo. Utopias e Realidade. Uma Antologia. São Paulo: Perspectiva. 1997.
CHOAY, Françoise. A regra e o modelo. Sobre a teoria da arquitetura e do urbanismo. São Paulo: Perspectiva. 1985.
COLLINS, Christiane Crasemann. Werner Hegemann and the Search for Universal Urbanism. Nova York/Londres: W. W. Norton & Company. 2005.
COLLINS, Geroge R.; Crhistiane Crasemann. Camillo Sitte: The Birth of Modern City Planning. Mineola: Dover Publications, Inc. 2006.
DAVIS, Mike. Planets of Slums. Londres/Nova York: Verso. 2006.
ESTAPÉ, Fabián. Vida y obra de Ildefonso Cerdà. Barcelon: Península. 1971.
Dossiê São Paulo, hoje. Estudos Avançados - USP, São Paulo, v. 25, n. 71. Jan.-abr. 2011.
FAIRFIELD, John D. The Mysteries of the Great City. The Politics of Urban Design. 1877-1937. Columbus: Ohio State University Press. 1993.
GRUPO 2C. La Barcelona de Cerdà, Barcelona: Flor Del Viento Ediciones. 2009.
GEDDES, Patrick. Cidades em evolução. Campinas: Papirus. 1994.
CORREIA, Telma de Barros (Org.). Philip Gunn. Debates e proposições em arquitetura, urbanismo e território na era industrial. São Paulo: Fapesp/Annablume. 2009.
HAYWARD, J. E. S. Solidarity: The Social History of An Idea in Nineteenth Century France. International Review of Social History, Cambridge University Press, v. 4, p. 261-284. 1956.
HAYWARD, J. E. S. The Official Social Philosophy of the French Third Republic: Léon Bourgeois and Solidarism. International Review of Social History, Cambridge University Press, v. 6, p. 19-48. 1961.
HIMMELFARB, Gertrude. The Idea of Poverty. England in the Early Industrial Age. New York: Vintage Books Ed. 1985.
HORNE, Janet. Le Musée social. Aux origines de l’État providence. Paris: Belin. 2004.
MAIA, Francisco Prestes. Estudo de um Plano de Avenidas para a Cidade de São Paulo. São Paulo: Companhia Melhoramentos de São Paulo. 1930.
MAIA, Francisco Prestes. Os melhoramentos de São Paulo. São Paulo: Prefeiura Municipal. 1945.
MAIA, Francisco Prestes. São Paulo, Metrópole do Século XX. São Paulo: Empresas de Publicações Associadas. 1942.
MAIA, Francisco Prestes. O Zoneamento Urbano. São Paulo: Sociedade Amigos da Cidade. 1936.
MELLO, Luis de Anhaia. Um Plano Regulador para o Município. Orientação Planológica e a Organização Administrativa. Revista de Engenharia, v. 39, vol. IV. nov. de 1945.
MELLO, Luis de Anhaia. A cidade cellular. Boletim do Instituto de Engenharia, São Paulo, v. XVIII, n. 91. jun. de 1933.
MELLO, Luis de Anhaia. Problemas de Urbanismo. O recreio activo e organisado das cidades modernas. São Paulo: Escolas Profissionaes Salesianas. 1929.
MELLO, Luis de Anhaia. O Governo das Cidades. In: Problemas de urbanismo. Bases para a resolução do problema technico. São Paulo: Escolas Profissionaes Salesianas. 1928.
NOVAES, Washington. A lógica da inércia e a perda do essencial. O Estado de São Paulo, São Paulo, Caderno A, p. 2. 15 jul. 2011.
OBLET, Thierry. Gouverner la ville. Paris: PUF. 2005.
OTTONI, Dacio A. B.; Ebenezer Howard. Cidades-Jardins de amanhã. São Paulo: Hicitec. 1996.
PICCINATO, Giorgio. La costruzione dell’urbanista. Germania 1871-1914. Roma: Officina Edizioni. 1974. [Antologia de escritos de Reinhard Baumeister, Joseph Stübben, Cronelius Gurlitt e Rud Eberstadt aos cuidados de Donatella Calabi].
PIZZA, Antonio; Rovira, Josep (Ed.). M.G.A.T.C.P.A.C. – Una nueva arquitectura para una nueva ciudad/A new architecture for a new city. 1918-1939. Barcelona: Collegi d’Arquitectes de Catalunya. 2006.
PUIG, Arturo Soria y. Cerda. The Five Bases of the General Theory of Urbanization. Barcelona: Electa. 1999.
REIS, Nestor Goulart. Notas sobre Urbanização dispersa e novas formas de tecido urbano. São Paulo: Via das Artes. 2006.
RIBEIRO, Wagner Costa. Oferta e estresse hídrico na Região Metropolitana de São Paulo. Estudos Avançados – USP, São Paulo, v. 25, n. 71, p. 119-133. jan.-abr. 2011.
ROCHARD, Jules. Encyclopédie d’Hygiène et de Médicine Publique. Paris: Lecrosnier et Babè, Libraires-Éditeurs. 1891.
ROLNIK, Raquel e Klintowitz, Danielle. (I)Mobilidade na cidade de São Paulo. Estudos Avançados – USP, v. 25, n. 71, p. 89-108. jan.-abr. 2011.
ROSSETTI, Carolina; Marsiglia, Ivan. Horizontes Urbanos. Os dilemas e os rumos da metrópole que potencializa os problemas das principais cidades brasileiras. O Estado de São Paulo, São Paulo. Caderno Aliás, p. J4-J5.19 jun. 2011.
SECCHI, Bernardo. Primeira lição de urbanismo. São Paulo: Perspeciva. 2006 [edição italiana Roma-Bari: Gius.Laterza & Figli. 2000].
SECCHI, Bernardo. La città del ventesimo secolo. Roma-Bari: Gius.Laterza & Figli. 2005, 2006.
Schorske, E. Carl. De Vienne et d’ailleurs. Figures culturelles de la modernité. Paris: Fayard. 2000.
Schorske, E. Carl. Viena fin-de siècle. Política e Cultura, São Paulo: Companhia das Letras. 1988.
SITTE, Camillo. City Planning according to artistic principles. A contribution to the solution of modern problems of Architecture and Monumental Sculpture especially with regard to the City of Vienna. Vienna: Verlag von Carl Graeser, 1889 (traduzido do alemão para o inglês por George R. Collins e Christiane Crasemann Collins, Mineola/Nova York: Dover Publications Inc. 1986).
STÜBBEN, Joseph. L’urbanistica, manual d’architettura, Darmstadt, 1890. In : Piccinato, Giorgio. La costruzione dell’urbanistica. Germania 1871-1914. Roma: Officina Edizione. p. 257-370. 1974.
TOPALOV, Christian (Org.). Laboratoires du nouveau siècle. La nébuleuse réformatrice et ses réseaux en France, 1880-1914. Paris: École des Hautes Études en Sciences Sociales. 1999.
TYRWHITT, Jaqueline. Introdução a Patrick Geddes. Cidades em Evolução. Campinas: Papirus. 1994.
VERCELLONI, Virgilio. La Cité idéale en Occident. Paris: Philippe Lebaud. 1996.
VITRUVIUS (versão em inglês Hicky Morgan). The ten books on Architecture. Nova York: Dover Publications, Inc., 1960.
WAGNER, Otto. Esquises – Projets – Constructions. Liège/Burxelas: Pierre Madraga Editeur. 1987.
WELTER, Volker M. Biopolis. Patrick Geddes and the City of Life. Cambridge-Londres: The MIT Press. 2002.
WIECZORECK, Daniel. Camillo Sitte et les débuts de l’urbanisme moderne. Burxelas-Liège: Pierre Madraga ed. 1981.
ZUCCONI, Guido (Org.) Camillo Sitte e i suoi interpreti. Milão: Franco Angeli. 1992.
A URBANA: Revista Eletrônica do Centro Interdisciplinar de Estudos sobre a Cidade utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.