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Variáveis sociais e concordância nominal de número em predicativos do sujeito e estruturas passivas na comunidade rural do 3º Distrito de Nova Friburgo-RJ
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Palavras-chave

Português popular rural
Variável social
Concordância de número

Como Citar

DÁLIA, Jaqueline de Moraes Thurler. Variáveis sociais e concordância nominal de número em predicativos do sujeito e estruturas passivas na comunidade rural do 3º Distrito de Nova Friburgo-RJ. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, SP, v. 64, n. 00, p. e022041, 2023. DOI: 10.20396/cel.v64i00.8669348. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8669348. Acesso em: 25 abr. 2024.

Resumo

O trabalho analisa as variáveis sociais implicadas na variação da concordância nominal de número em predicativos do sujeito e estruturas passivas na comunidade linguística rural do 3º Distrito de Nova Friburgo. Parte-se da hipótese de que o processo de transmissão linguística irregular de tipo leve, que esteve presente em grande parte do país, também foi vivenciado no município, especialmente, se se levar em conta que o contato linguístico, apesar de intenso, não deixou resquício dos substratos. Tal comunidade apresentaria, então, valiosas amostras das consequências de um outrora multilinguismo e também dos processos atuais que vêm favorecendo a mudança nos padrões linguísticos do português popular rural. O corpus da pesquisa foi construído com base em 35 entrevistas realizadas com 16 homens e 19 mulheres, de duas gerações – 14 trabalhadores e trabalhadoras, entre 35 e 55 anos; e 21 jovens, entre 14 e 19 anos, filhos e filhas desses agricultores. Foram considerados relevantes para a concordância nominal os seguintes fatores sociais: geração; gênero; participação em associação de agricultores; ocupação de cargo em comunidades de prática. Observou-se que: a frequência geral de emprego da concordância ficou em 28,3%; a geração entre 14 e 19 anos, também mais escolarizada, empregou as regras em 41%, das construções, enquanto a geração de pais e mães as empregou em 14,2% dos casos; o papel social das mulheres motivou o incremento das regras, visto que elas apresentam pluralizações plenas em 38,1% dos casos e os homens em 19,5%; as meninas, mais vinculadas a atividades exógenas, empregaram o plural em 59% das ocorrências; a desvinculação do falante dos grupos mais identitários impulsionou o distanciamento das normas locais, haja vista a frequência de concordância de 35,6%, entre os não participantes da associação e a de 25,6% entre seus membros; contudo, o exercício de lideranças nas comunidades de prática beneficiou (30,6%) o vínculo do falante às formas de prestígio.

https://doi.org/10.20396/cel.v64i00.8669348
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