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Formas tratamentais em cartas baianas: sujeito e outras funções
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Palavras-chave

Sistema de tratamento. Cartas baianas. Séculos XIX e XX

Como Citar

ANDRADE, Aroldo Leal de; CARNEIRO, Zenaide de Oliveira Novais; LACERDA, Mariana Fagundes de Oliveira. Formas tratamentais em cartas baianas: sujeito e outras funções. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, SP, v. 58, n. 2, p. 257–276, 2016. DOI: 10.20396/cel.v58i2.8647154. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8647154. Acesso em: 26 abr. 2024.

Resumo

Apresentam-se, neste trabalho, dados diacrônicos do sistema de tratamento do português baiano, na posição de sujeito e complemento, com o objetivo maior de contribuir para o estudo da configuração diatópico-diacrônica desse sistema no português brasileiro. O corpus de pesquisa é constituído por cartas de remetentes baianos dos séculos XIX e XX. Os dados extraídos das cartas foram analisados de acordo com os princípios da Sociolinguística Quantitativa, com o apoio do software Goldvarb X. Entre os resultados para a função de sujeito, observou-se uso significativo de formas de tratamento nominais, como o senhor, Vossa Excelência e Vossa Senhoria. Não houve dados de tu e vós expressos, mas em alguns casos o verbo estava flexionado nas formas correspondentes, ficando o sujeito nulo. A forma você começa a aparecer em sua forma plena no século XX, e o uso de Vosmecê ocorre de forma mais efetiva durante o século XIX, diminuindo com o tempo. Na função de complemento acusativo, a estratégia mais produtiva é lhe, com 39%, ficando a forma tradicional de acusativo o/a com 36%. A forma dativa predominante é também o clítico lhe, com 63%, ficando a forma te com meros 2%. Notou-se que a variação se concentrou nos dados de remetentes que apresentavam uso exclusivo de você na posição de sujeito. Num aspecto geral, os resultados corroboram um sistema de formas de tratamento com alguns traços importantes de conservadorismo linguístico, em comparação com dados de outros estados brasileiros, como Pernambuco, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro.

https://doi.org/10.20396/cel.v58i2.8647154
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